domingo, 16 de agosto de 2009

Feriadão na Ásia

E como vocês já leram num post anterior, lá fui eu pras Filipinas aproveitar um fim de semana prolongado que me deixou a segunda-feira de folga (meu único feriado durante toda a estadia por aqui). Uma grande amiga da minha irmã é filipina e mora em Manila. Ela esteve no Brasil duas vezes em 2007 e 2008, e ficou em nossa casa lá em São Paulo. Aproveitando a proximidade, achei que valia a pena pegar um vôo de três horas e meia para encontrá-la e conhecer um pouco da sua vida neste novo país. Além disto, eu já estava curioso para conhecer este país que tanto absorveu das culturas espanhola e norte-americana devido à sua história – e justamente por isto me parecia um país tão próximo da nossa realidade.

Foram 4 dias incríveis com a Trina, que além de amiga da minha irmã tornou-se também minha amiga. Dias de comilança, de aventuras, de descansos, boas conversas e novas pessoas. Dos quatro dias em que lá fiquei passei três dias em Boracay, uma ilhota no meio do arquipélago (sim, olhem no mapa, o país é um grupo de mais de 7 mil ilhas)... uma vilazinha de pescadores que se desenvolveu e tornou-se num ponto turístico bastante frequentado e comparável a Jeri ou Morro de São Paulo, por exemplo. Além disto, um lugar de mar azul clarinho, daqueles que só em foto a gente vê – sabe? Indescritível a beleza.

Em Manila, fui a restaurantes filipinos e também num grego – já que o namorado da Trina é americano de ascendência grega e tem alguns amigos da colônia. Mas voltando à culinária filipina, ela é bastante influenciada pela Espanha e traz muita carne de vaca, frango e porco no menu, além do arroz pra acompanhar. Nada de palitinhos – apenas colher e garfo. Tirando os talheres, quase parece que estamos no Brasil J.

Em Manila também fui a algumas baladas na sexta-feira, super animadas. Acho que eu já tinha esquecido a sensação de entrar num lugar animado, cheio de gente com boa energia e se divertindo... pois é, minha experiências em Cingapura não têm seu ponto forte na balada. O mais bacana foi que eu dirigi o carro do Nick, namorado da Trina. Ele queria ficar mais na balada com alguns amigos, e nós estávamos cansados... então ele sugeriu que eu dirigisse e lá fui eu no trânsito maluco de Manila (que cá entre nós é bem parecido com o de Sampa). Na verdade, o trânsito de Manila é bem melhor que o de Jakarta... lá sim eu acho que o trânsito se tornou um problema gravíssimo.

Em Boracay, muita sombra, água fresca, mar azul, céu limpo e sem chuva, um sol delicioso e um astral relax. Adorei aquela ilha. Para chegarmos, pegamos um aviãozinho de 18 assentos, daqueles que chacoalham bem. Devo confessar que a idade me fez ficar mais medroso, e cada vez que passávamos por uma turbulência, eu sentia aquele frio na barriga. Depois de pousar, pegamos ainda um barquinho e chegamos na ilha, onde não há carros – apenas ‘tuc tucs’, ou motos com um carrinho de metal acoplado ao lado. Um charme, mas super barulhentas.

Foram três dias de descanso, aventuras e boas refeições. Fora as deliciosas sessões de massagem diárias, que eram feitas de frente pra o mar, olhando o pôr-do-sol depois de um dia cheio. Ah, o melhor das massagens era na realidade o preço! Uma hora de massagem no corpo inteiro saia por R$15,00... e olha, era muito boa mesmo.

Passamos por quatro praias nos quatro cantos da ilha, algumas desertas... e também fizemos um passeio num barco de vela só nosso. Uma delícia. Pra variar, fiquei cor-de-rosa, mesmo tendo passado protetor 30 e usado boné... paciência, este sou eu.

A Trina foi uma super anfitriã, me levou nos melhores lugares e conversamos bastante sobre muitos assuntos... amigos em comum, minha irmã, namoros, etc...

Na minha última noite em Manila fomos a um ‘Rockeokê’, um conceito que eu achei incrível e amaria importar para o Brasil. Nada mais é que um caraoquê com palco, microfones, e uma banda ao vivo que toca várias músicas de Rock – você se sente um ‘Rock Start’ – muito bacana. Neste dia também conheci outros amigos da Trina e uma outra amiga da minha irmã também filipina.

Ainda deu tempo de eu fazer um ‘walking tour’ pelo centro velho de Manila, chamado Intramuros, pois lá era o vilarejo que deu início à cidade e era cercado por muros – típico de colonias espanholas, não é? E no último dia de Filipinas, fui trabalhar. Pois é... como o feriado era de apenas 3 dias, mas eu sabia que o Google tinha uma central de Telemarketing em Manila, fui lá visitar a operação e compará-la à que mantemos em São Paulo. Foi bem interessante, e passeim um dia a mais no país.

Enfim, foram dias de descanso mental e noites de curtição neste país que se assemelha muito à nossa realidade latina, com a super companhia de uma cidadã local que fez com que eu amasse o país.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Como aproveitar uma viagem?

- “Aproveita, viu?”

- “Curta bastante!”

- “Volta logo.”

Ouvi muito estas três frases, e variações das mesmas, nos últimos tempos. Mesmo antes de viajar, amigos e conhecidos me felicitavam pela conquista e faziam suas recomendações para que eu tirasse o máximo proveito da experiência. Ora, claro que eu fico feliz em ter amigos que se preocupam comigo e que querem que eu aproveite a minha viagem! Mas devo confessar que depois de algumas centenas de vezes, não quero mais ouvir as frases acima. São várias as razões, as quais descrevo abaixo. Sei que este post vai parecer mal-educado e ranzinza... mas é o espírito do dia – eu também posso ser mal-humorado de vez em quando, né? Pois bem, vamos aos motivos que me levam a desgostar das frases lá de cima:

1) Significado – qual é o significado real de um ‘aproveite? O que a pessoa quer dizer quando ela recomenda que você aproveite sua viagem? Que coma coisas diferentes? Que conheça novas pessoas? Que visite novos lugares? Que descanse? Que trabalhe? Que vá pra baladas? Que explore museus? Que amadureça? Que se distraia? Tudo isto junto? É... o siginificado da frase é tão amplo que eu prefiro receber uma recomendação mais direta, do tipo: ‘Em Cingapura, vá comer um caranguejo com cerveja Tiger no restaurante Jumbo Sea Food da East Coast Road’. Esta frase sim tem um significado direto e uma recomendação fácil de seguir. ‘Volta logo’ é outra que eu não entendo... eu vou voltar no dia 27 de setembro – não há nada que eu possa fazer para mudar isto, a não ser que algo grave ocorra em minha família, e eu realmente espero que isto não aconteça enquanto eu estiver aqui. Portanto, eu volto no dia 27 de setembro... se isto é ‘logo’ ou não, só você pode dizer.

2) Pressão psicológica – decorrente da falta de significado descrita no item acima, o termo ‘aproveite’ me gerou uma certa pressão psicológica em minhas primeiras semanas de Cingapura. Eu me questionei algumas vezes: “será que estou aproveitando? Ainda não conheci o Museu Nacional, e ainda não fui na Roda Gigante... puxa, será que não estou aproveitando? E o trabalho, será que estou conseguindo aproveitar a chance? “. Caraca, é claro que eu estou aproveitando. Mas o simples fato de continuar ouvindo as pessoas recomendando que eu aproveite me faz questionar por um instante se eu estou curtindo mesmo – e a resposta é sempre a mesma: CLARO QUE SIM. Mas porque continuar me perguntando isto? Quem melhor do que eu pra saber se eu estou ou não aproveitando?

3C Cada um é cada um, e vice-versa – e então chegamos ao terceiro ponto. Eu sou eu, apenas eu... e só eu sei aproveitar a minha vida... você aproveite a sua, e eu aproveito a minha. Você pode gostar de aproveitar a vida jogando futebol, indo ao cinema, ou casando-se e tendo filhos. Cada um tem suas formas de aproveitar suas vidas. E eu tenho a minha, com a qual estou muito feliz e satisfeito. Então deixa eu aproveitar a minha vida e a minha viagem do meu jeito... e você se preocupa em aproveitar a sua.

AMIGOS!!!! Acho que quase todos vocês me desejaram uma ótima viagem e recomendaram que eu ‘aproveitasse’, ‘curtisse muito’ e ‘voltasse logo’. Continuo guardando vocês no coração e entendo perfeitamente que vocês apenas querem o meu bem e queriam expressar seu carinho por mim com estas frases. Mas eu precisei escrever isto para libertar toda a pressão psicológica que eu expressei no item dois...

Finalizo por aqui recomendando a todos os meus amigos que ‘aproveitem as suas vidas’ aí no Brasil ou onde estiverem... ‘porque a vida é uma só’... ‘porque o importante é ser feliz’... ‘porque quando a gente percebe o tempo passou’... e por todos os motivos que todos nós já conhecemos e continuamos repetindo. Ah, e aviso que eu volto em 27 de setembro, ou seja, daqui a mais ou menos um mês e meio. Isto é logo suficiente para você? Espero que sim J.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Um país familiar no Sudeste Asiático

Olhando o mapa do Sudeste Asiático e seus vários países, é peculiar notar que apesar da proximidade destes países – há uma grande diferença cultural entre eles. Isto é refletido no idioma que falam, no sistema educacional que utilizam e nas distinna religião que praticam nestas sociedades. Assim, temos países muçulmanos como a Indonésia e a Malásia, budistas como a Tailândia e também católicos como as Filipinas.

E foi depois de ir a Macau e ver a influência portuguêsa incrustada na China, que chegou a vez de eu ir conhecer outro local que guarda muito da sua colonização europeia. As Filipinas têm este nome em homenagem ao Rei Filipe da Espanha, que mesmo tendo colonizado o país, jamais instituiu o idioma espanhol como a língua oficial do arquipélago. Ainda assim, foi a religião católica que unificou as mais de 7 mil ilhas do país e fez com que os filipinos tornassem-se um dos poucos povos católicos do oriente. O espanhol não foi ensinado pois conhecer o idioma significava poder, e era mais fácil manter o controle dos locais se eles não entendessem o que seus colonizadores dissessem, certo? Fora isto, a inexistência de ouro fez com que os espanhois voltassem suas atenções para a América Latina e deixasse de lado esta colônia tão distante, quase no fim do mundo mesmo (afinal, nem mesmo sabia-se se a Terra era redonda à época).

Apesar de o espanhol não ser o idioma oficial, é interessante ver que algumas palavras foram absorvidas pelo Tagalog, o dialeto local falado no norte do país (onde está a capital). Por exemplo, os dias da semana são ‘sábado’, ‘domingo’, ‘lunes’, etc... igualzinho ao espanhol. As horas também são dias em espanhol, por exemplo: ‘nos encontramos à las ocho’. Palavrinhas como ‘pero’, ‘cubiertos’, ‘arroz’, ‘lechon’ e outras também são utilizadas comumente pelo povo local, sem mesmo que eles saibam que as origens destas palavras é o espanhol.

E assim, por centenas de anos a Espanha dominou as Filipinas, até que em 1898 o país fez uma revolução e foi libertado. Entretanto, o plano não deu tão certo – pois o poder passou das mãos da Espanha diretamente para os EUA, como que numa troca de tutores. E assim, após passar pela catequisação espanhola, as Filipinas tiveram seu sistema educacional implementado pelos EUA, que vieram ensinar seu idioma e hábitos ao povo local. O domínio norte-americano durou até a segunda guerra mundial, após a qual as Filipinas tornou-se enfim um estado autônomo e com uma história bastante peculiar – afinal foram séculos de dominação espanhola e décadas de dominação norte-americana. O interessante disto é que hoje 90% dos filipinos falam inglês com um sotaque bastante americanizado, o que torna o país o terceiro maior estado de idioma inglês no mundo e tem chamado a atenção do mundo para os Call Centers que estão se instalando lá. Não por acaso o Google tem também seu Call Center para o Sudeste Asiático instalado no país.

Hoje, o país sofre com um governo nem sempre eficiente, e tem vários pontos a serem desenvolvidos na política, educação e outras esferas da sociedade. Estive lá uma semana após a morte de Corazon Aquino, mártir do fim da ditadura de Marcos (lembram-se da Imelda Marcos, dos milhares de pares de sapatos? Era esposa do ditador) e que presidiu o país entre 1986 e 1992. A filipina de pulso firme era viúva de um exilado política contrário ao ditador, e foi após a morte de seu marido que ela ganhou força do povo para que a ditadura fosse interrompida. Uma história que vale a pena conhecer e que rendeu a ela a segunda capa exclusivamente feminina de uma Revista Time (a primeira foi a Rainha Elizabeth em 1952).

Recomendo as Filipinas e a sua história incrivelmente similar à história de nosso continente latino – um país de belezas naturais, de povo hospitaleiro e com uma cultura instigante.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Na Conchinchina

E lá fui eu conhecer um pouco mais deste continente encantador. Uma amiga minha que estava fazendo um tour de negócios pela China ía estar em Hong Kong num fim de semana de julho, e me convidou a juntar-me a ela para nos encontrarmos e passearmos juntos por lá. Olhei as passagens, achei um bilhete com ótimo preço e lá segui eu para Hong Kong, num sábado bem cedinho.

Às dez e pouco da matina já estava pousando no moderno aeroporto da cidade, que apesar de pertencer à China, tem algumas políticas e leis especiais – por exemplo, eles não requerem visto para a entrada de Brasileiros, como ocorre na China. Tomei um trem e rapidamente estava no hotel da Dri, minha amiga. Ela e o grupo de brasileiros que ela estava guiando tinham combinado de ir passar a tarde em Macao, outra cidade chinesa a 60km de Hong Kong que também tem sua autonomia perante a China.

Após uma viagem de uma hora num Ferry Boat, chegamos a Macao e fomos almoçar em um típico restaurante macauense – ou melhor, português. Sim, pois Macao é uma antiga colônia de Portugal, que foi devolvida à China em 1999 – dois anos após Hong Kong ter sido devolvida pelos ingleses à China. Ambas as cidades mantiverem suas regras, políticas, moedas, códigos de área e até mesmo aquelas duas letrinhas ao final do site para denominar o país de procedência do site.

Macao é uma cidade incrível, com forte influência portuguesa que pode ser observada na arquitetura local e em todas as placas e comunicações públicos. Tudo está escrito em cantonês e português, uma seguida da outra. Incrível! Você se sente em casa. Entretanto, quase ninguém fala português – apenas 3% da população. O português é utilizado mesmo como um protocolo ou formalidade, já que ainda há alguns portugueses no governo da cidade.

Após o Bacalhau ao Brás e os pastéis de nata do almoço, seguimos para uma Pagoda, templo budista que deu origem ao nome de Macao. Uma visita interessante, passando por ruas de paralelepipedo e azulejos similares aos que vi em Portugal no início do mês de julho. Macao é também conhecida pelos imponentes cassinos que hospeda – dizem que é a Las Vegas do oriente e atrai milhares de turistas diariamente dispostos a apostar economias de toda uma vida. Os chineses vêm do continente para apostarem suas pequenas fortunas nos cassinos, já que na China continental não é permitido jogar.

Infelizmente, um tufão se aproximava da cidade e poderia comprometer a volta de Ferry Boat. Para não arriscarmos e ficarmos literalmente ilhados em Macao, antecipamos nossa volta a Hong Kong e deixamos de ver algumas das belezas da cidade – mas consegui ter uma boa idéia de como os portugueses influenciaram este pequeno pedaço da Ásia. À noite fomos avisados que o tufão atingiu o nível 8, ou seja, o mais elevado de todos – o que fez com que o trajeto de embarcações entre Hong Kong e seus arredores fosse interrompido. Que bom que voltamos mais cedo.

Em Hong Kong, fiquei hospedado em um daqueles hoteis com quartos minúsculos, em que cabe apenas a sua cama e um pedacinho pra deixar a mala ao lado. Igual aos quartos de empregadas cada vez mais espremidos que temos no Brasil. Mas limpíssimo e suficientes para recarregar as energias à noite. O hotel ficava em Kowloon, a parte continental de Hong Kong, logo em frente à Ilha Victoria. Eu estava justamente na Rua Principal de Kowloon, com milhares de luminosos e pessoas andando de um lado pro outro. Super cosmopolita.

No dia seguinte, juntei-me à minha amiga novamente e lá fomos para mais um templo budista. É engraçado pensar que visitamos tantas igrejas em nossas viagens pelo Brasil, pela Europa... e aqui visitamos templos budistas, muçulmanos, etc... eu adoro, acho a religião um aspecto importantíssimo para conhecer a cultura local.

À tarde, um passeio por Kowloon para avistarmos o ‘skyline’ da Ilha Victoria, e o sol deu o ar da graça, dizendo adeus às reminiscencias do tufão. Aliás, este é o bom do tufão – depois que ele vai embora, o clima fica ideal, menos abafado e sem chuva.

Encerrei meu dia no ‘The Peak’, o pico da cidade onde subimos para ver a vista incrível da Ilha Victoria e Kowloon ao fundo – conseguimos até mesmo avistar a China Continental, onde eu não posso entrar sem passaporte. O jantar foi num típico restaurante local, com sopa de wonton – já na listinha de um dos meus pratos favoritos até agora. Wonton nada mais é do que uma espécie de capeletti grande com carne ou camarão dentro.

No dia seguinte, aproveitei para conhecer mais um escritório do Google, e passei a segunda-feira trabalhando no escritório do Google. O pessoal foi super receptivo e até me levou para almoçar Dim Sum, que definitivamente também entrou pra listinha de favoritos – que comida incrível. Seria o equivalente às tapas na Espanha – vários pratinhos com distintos petiscos. No escritório, tive a sorte de conversar com dois Googlers do mesmo time em que eu trabalho, e trocamos algumas informações muito bacanas sobre diferentes segmentos em que atuamos, e como eles se diferenciam no Brasil e na China.

Voltei para Cingapura feliz por ter conhecido outra perspectiva da Ásia, mais agitada e cosmopolita. Mas devo confessar que retornar a Cingapura depois da minha primeira viagem ao exterior durante a estada aqui me fez sentir como que voltando para casa. Acho que foi um marco, após duas semanas de Cingapura, quando pude me sentir em casa nesta ilha que eu estou chamando de casa por estes meses.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Novidades de um mundo muderno

Dia destes me senti como um jeca chegando na cidade grande e avistando aquelas incríveis ‘escadas rolantes’ de Shopping Centers... que parafernalha incrível aos olhos de quem sempre se acostumou usar as próprias pernas para subir uma escada ou uma árvore, não é?

Pois bem, depois de duas semanas no trabalho, comecei a reparar que o elevador às vezes parava num andar qualquer, ficava lá parado um pouco sem abrir a porta, e uma gravação falava qualquer coisa do tipo ‘serving of the day’. Admito que demorei alguns dias para relacionar a gravação à paradinha... até que reparei que, de fato, sempre que o elevador parava, a frase saia de forma suave e delicada. Mas nem sempre o elevador parava... às vezes ía direto pro meu andar.

Fiquei curioso... e comecei a prestar atenção na frase... o que significaria ‘serving of the day’? Será que naquele dia tinha algo especial para comer em algum restaurante lá por perto? E porque era sempre na paradinha do elevador?

Perguntei! Um belo dia, perguntei para um colega do trabalho o que a frase dizia, e porque o elevador dava aquela paradinha... e a surpreendente resposta: o elevador tem dois andares! Sim... tinha gente em cima, ou embaixo – não sei – do nosso elevador. Em outro elevador acoplado, grudado mesmo... Assim, se alguém entra na garagem, pode também entrar outro alguém no térreo e aí os dois sobem juntos no mesmo elevador, mas em sem se verem e saberem quem está acima ou abaixo... e imagina se um vai no 37 e o outro no 38... o elevador só pára uma vez, e ambos desembarcam!

E então, perguntei também o que afinal de contas a mulher da gravação falava: ‘Serving other deck’. Tudo fez sentido :P. Me achei um caipira na cidade grande, que nem no episódio do termómetro modernoso. Mas também descobri que quase ninguém que é de fora de Cingapura, nem mesmo australianos ou ingleses, conheciam tal artefato.

Outra modernidade dos elevadores da nossa torre de 49 andares: os elevadores são divididos para darem acesso a um número restrito de andares. Assim, eu apenas tomo elevadores que me deixem entre os andares 31 e 40, o que agiliza a subida de todos os funcionários, indiferente do andar. Toda vez que subo ou desço, preciso compensar a pressão atmosférica de fora e dentro da cabeça, sabem? Quando subimos ou descemos a serra? Aqui é todo dia assim :P.

Muderno, né? Conheciam? Eu achei um barato, não sei até que ponto tão útil... mas diferente J.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Vida social em Cingapura

Nunca imaginei que o ritmo frenético da minha vida social em Sampa fosse seguir por aqui... na verdade imaginei que fosse fazer amigos, sair, conhecer locais, etc... mas não de forma tão intensa como tem sido.

Desde que cheguei, busquei muito a aproximação com o pessoal do escritório. Os Googlers de Cingapura não são muito da balada, mas saem para jantar com frequencia! Nestas, já fui convidado para jantares indianos, indonésios, filipinos, cingapurianos, tailandeses e muitos outros... incríveis! A gente sai do trabalho direto pro restaurante, e fica lá até umas 21h.

Além dos meus amigos do trabalho, de quem eu já estou bem próximo :), tenho vários outros amigos que fui reencontrando e conhecendo por aqui.

O Luis Rene é um mexicano que mora aqui há quatro anos. Nos conhecemos em El Salvador, em 2003, quando eu ainda estava na AIESEC. Nos vimos outra vez em duas outras conferências da AIESEC naquele ano, e depois nunca mais... sempre soube que ele estava por aqui, e por isto marcamos um jantar logo na primeira semana em que eu estava por aqui.

A Brenda, minha amiga canadense que está aqui há três anos e deve mudar-se para o Reino Unido no fim do mês, também tem sido uma super companheira! Já sai com elas mais vezes - passamos um domingo todo passeando pela cidade, fomos ao teatro, a um "café de interações", num bar de batucada e também jantamos num indiano incrível que é o favorito dela.

Tem também alguns brasileiros:

Renato, um amigo meu da adolescência, que viajou comigo à Indonésia em 1997. Está morando aqui há pouco mais de 7 meses, e amando a vida! O trabalho dele é pesado, e por isto nos vimos duas vezes - para uma cerveja na orla de Cingapura e para um jantar tailandês. A namorada dele mora aqui também, super simpática, mas vai passar uns dois meses no Brasil e não devo mais vê-la.

O Pedro é filho de uma amiga da minha tia, e me chamou pra um jantar árabe na casa dele. Foi bem legal, conheci uma boa parte da colônia de brazucas por aqui. Super simpáticos ele e a mulher, mas eles moram no norte da ilha, a uma hora daqui quase... lá pertinho da Malásia. E também estavam recebendo familiares no mês de julho, por isto nos vimos apenas aquela vez.

A Chelmy é amiga de um amigo brasileiro meu, e tá morando aqui há três meses e pouco (antes estava na China e na Tailândia)... super divertida, fomos numa balada de batucada e depois fui comer um legítimo podrão cingapuriano - que aqui consiste num Roti John e Milo Dinosaur... atentos ao facebook, qualquer hora pintam as fotos por lá.

A Carol é amiga da Chelmy, uma maranhense gente fina também, que foi comigo ver a maior fonte do mundo e o show de luzes à noite, depois de jantarmos num japones que fica com aquelas esteirinhas passando os pratinhos. Super divertida também!

Também conheci um belga e um alemão por meio da Brenda, que eram da AIESEC e moram aqui desde o início do ano. Fomos à Arab Street fumar shisha esta semana - foi um papo bem bacana, com baforadas sabor maçã! Bem que podia ter uns bares de shisha aí em Sampa, acho que o conceito seria bem aceito... se bem que com a nova lei, não pode mais, né? Melhor assim.

Enfim, toda a noite eu tenho um convite, mas devo confessar que isto tem me cansado... hoje voltei de um teatro com a galera do escritório - um musical muito bacana e super local (os caras falavam Singlish adoidado).

As baladas ficam na memória. Apenas uma vez fui com alguns amigos do trabalho aqui perto no China 1, uma das poucas baladas que não pedem entrada (em compensação, cada drink custa uns R$20)... e na porta da balada eles medem a sua temperatura (com aquelas engenhocas modernosas que levam menos de um segundo pra dizer sua temperatura). Foi bacana... mas nem ao pés das minhas velhas baladas brasileiras!!!!

Jantares, passeios, viagens... tenho aproveito muito a vida fora do trabalho, especialmente com os meus colegas Googlers!! Vou sentir falta deles, mas fico feliz por criar bons laços por aqui também :)

O mais difícil é voltar pra Sampa em pouco mais de um mês, e deixar pra trás o pouco que consegui construir aqui, às vezes fico até ansioso por pensar em como eu queria fazer mais e mais coisas, mas não tenho tempo ou forças para isto...

E vou levando por aqui! Não me digam para aproveitar mais do que já estou aproveitando, por favor!!! Tenho consciência de que esta experiência é única e passa logo, e estou curtindo ela ao máximo - profissionalmente e socialmente!



terça-feira, 4 de agosto de 2009

Reencontro - de volta à Indonésia

Na última sexta-feira, peguei um avião com destino à Ilha de Java. Após uma hora e meia de vôo, lá estava eu – chegando em Jakarta, a capital da Indonésia. Cidade populosa – uma das maiores do mundo, com mais de 20 milhões de habitantes, no maior país muçulmano do mundo. Uma cidade caótica, de trânsito pesado e repleta de shopping centers onde os habitantes costumam passar seu tempo livre. Além disto, uma cidade com pessoas tão incríveis e acolhedoras que me proporcionaram um dos melhores finais de semana dos últimos tempos.

Há doze anos, passei um mês vivendo com uma família indonésia lá em Jakarta. Era parte de um programa de intercâmbio do CISV, no qual eu recebi um ‘irmão indonésio’ por um mês na minha casa, e após um ano passei um mês em sua casa, junto com sua família. Foi um mês incrível, para um jovem de 14 anos conhecer uma realidade tão diferente da nossa, foi até mesmo chocante. O programa era realizado em um grupo de 8 jovens brasileiros e 8 jovens indonésios – cada um com seu respectivo ‘irmão’ – além de um líder responsável por cada delegação (maior de idade). Conviver com um cidadão local fez com que apreciássemos a beleza e as delícias de se morar em uma cidade tão assustadora quando vista pelos olhos de um estrangeiro.

E então, após doze anos em que eu mal conversei com meu ‘irmão Indonésio’, lá fui eu visitar o Dipa e saber o que tinha mudado em sua vida. O plano para o fim de semana? Nada em especial – acompanhá-lo em seu dia a dia e também encontrar o restante dos indonésios que conheci naquela época. Sabia que muita coisa tinha mudado – os pais do Dipa faleceram em 2001, um seguido do outro, sucumbindo a distintos cânceres. Ficaram apenas ele e sua irmã Desi, que após finalizarem os estudos em Melbourne, voltaram para a capital indonésia para tocarem os negócios da família – uma indústria de alimentos. Também sabia que o Dipa estava casado, assim como a Desi – sua irmã. E ao conversar com ele no telefone combinando sobre a viagem, ele me disse também que seria papai em breve. Imaginem vocês, por tabela eu vou ser titio!

Na chegada em Jakarta, lá estavam o Dipa e a Judith, sua esposa. Ambos notamos as mudanças após doze anos de distância – muitos quilos a mais, uma aparência adulta (claro, éramos adolescentes) e o mesmo rosto! Nos reconhecemos de cara e demos um forte abraço. Na saída do aeroporto, começamos a epopeia gastronômica por Jakarta. Fomos a um restaurante de rua (conceito equivalente a um boteco ‘copo sujo’ em São Paulo, mas onde se serve comida), e comemos noodles fritos, provenientes do norte da Sumatra. Apetitoso! Seguimos para o apartamento do Dipa e da Judith, que fica numa torre em cima de um shopping center – algo que está se tornando comum em Jakarta e que já existe há bastante tempo por lá.

Após um pouco mais de papo, estávamos exaustos e fomos para a cama – o plano para o dia seguinte já estava completo. Levantamos às nove horas, e descemos ao shopping para um reforçado café da manhã: Dim Sum (Hong Kong style) com direito a provar um dos dumplings que eram pés de galinhas. Adorei provar a especiaria, que não tem um gosto específico – você sente o molho muito forte, mas a textura é interessante e há pequenos ossinhos minúsculos que se perdem em sua boca. Seguimos para uma loja de batik no shopping, onde comprei alguns lindos panos indonésios e também uma calça de batik para mim. De lá, seguimos para uma feira de bebês e mamães, já que a Judith está em seu 5º mês de gravidez e queria visitar a feira. O irmão e a irmã mais novos da Judith vieram conosco, e passamos pouco mais de uma hora por lá. Seguimos para um outro shopping center para almoçar no restaurante da família da Judith – comi uma sopa de curry com frango deliciosa, e demos mais uma volta. Os shoppings em Jakarta são realmente a grande atração da cidade – pois recriam o mundo exterior no conforto do ar condicionado e segurança do shopping. Modernos e com muita cenografia, não me lembram os shoppings lotados e apertados de Sampa.

À noite, seguimos para um terceiro shopping, onde tínhamos marcado um jantar típico indonésio com todos os indonésios que participaram do intercâmbio há 12 anos. Éramos 9 no total, e destes todos, apenas uma garota não pôde comparecer, pois mudou-se de cidade. Foi uma noite incrível, de reencontros, surpresas, lembranças, atualizações e apresentações. Eles também não se viam entre si havia muito tempo, e alguns já estavam casados, com filhos, etc... foi uma noite muito especial, em que percebi que até mesmo a distância e a falta de contato durante doze anos não quebram a amizade sincera e sólida que contruímos ao longo dos dois meses que passamos juntos – em 1996 e 1997. Dois meses intensos de aprendizado e crescimento, de convivência e respeito com o diferente. Certamente, uma experiência que me marcou e que em muito contribuiu para que eu quisesse hoje voltar ao Sudeste Asiático.

À noite, ainda vi as fotos do casamento do Dipa, e fomos para a cama após um dia cheio – pois a programação do dia seguinte já estava novamente cheia. Levantamo-nos bem cedinho, lá pelas 7:30h, e após tomar meu banho e fazer minhas malas, fomos direto para a igreja. Apesar de a Indonésia ser um país majoritariamente muçulmano, o Dipa e sua mulher são católicos – também em função de sua ascendência chinesa. Achei ótimo, pois é sempre interessante assistir a missas em outros idiomas, em outros países. Como a missa católica é muito similar ao redor do mundo inteiro, não boiei completamente, e achei até interessante ver uma missa falada em Bahasa-Indonésio. Bem em frente à Catedral a que fomos, fica uma imensa mesquita. E lá fomos nós conhecer o templo, já que estava tão próximo. Fizemos uma rápida visita guiada, mas que nos mostrou o interior da terceira maior mesquita do mundo – atrás apenas da construida em Mecca e outra em Medina. Incrível ver a construção e a sala de orações, com setas apontando para Mecca, mas mais legal ainda foi ver católicos e muçulmanos convivendo frente a frente, em paz.

A próxima parada foi o Monumento Nacional, um obelisco construido como marco da independência da Indonésia, que livrou-se do domínio holandês em 1945. Cheio de turista locais, que vêm dos arredores de Jakarta para aproveitar o domingo no monumento, ficamos lá por uma hora e tiramos algumas belas fotos – para então seguirmos a um restaurante onde almoçamos novamente comidas típicas do país. Arroz vermelho, frango, e vários outros pratinhos com temperos, cores e sabores diferentes – que comemos com colher e garfo (aqui não se usa palitinho quase). Uma delícia. E o mais bacana foi que praticamente todos os meus amigos indonésios estavam novamente presentes, para despedirem-se de mim. Foi emocionante. Fiquei muito feliz também por rever a minha ‘irmã’ indonésia, a Desi – irmão do Dipa – que apareceu por lá com seu marido, um holandês. Conversamos bastante e pusemos as notícias em dia. De lá, fui diretamente ao aeroporto para pegar meu avião de volta a Cingapura.

Na bagagem, além de diversos presentes para mim e para a minha família brasileira (de diferentes amigos) e uma sensação incrível de conforto e alegria por ter tido o privilégio de rever amigos tão queridos, e que me receberão tão bem.