quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Na Conchinchina

E lá fui eu conhecer um pouco mais deste continente encantador. Uma amiga minha que estava fazendo um tour de negócios pela China ía estar em Hong Kong num fim de semana de julho, e me convidou a juntar-me a ela para nos encontrarmos e passearmos juntos por lá. Olhei as passagens, achei um bilhete com ótimo preço e lá segui eu para Hong Kong, num sábado bem cedinho.

Às dez e pouco da matina já estava pousando no moderno aeroporto da cidade, que apesar de pertencer à China, tem algumas políticas e leis especiais – por exemplo, eles não requerem visto para a entrada de Brasileiros, como ocorre na China. Tomei um trem e rapidamente estava no hotel da Dri, minha amiga. Ela e o grupo de brasileiros que ela estava guiando tinham combinado de ir passar a tarde em Macao, outra cidade chinesa a 60km de Hong Kong que também tem sua autonomia perante a China.

Após uma viagem de uma hora num Ferry Boat, chegamos a Macao e fomos almoçar em um típico restaurante macauense – ou melhor, português. Sim, pois Macao é uma antiga colônia de Portugal, que foi devolvida à China em 1999 – dois anos após Hong Kong ter sido devolvida pelos ingleses à China. Ambas as cidades mantiverem suas regras, políticas, moedas, códigos de área e até mesmo aquelas duas letrinhas ao final do site para denominar o país de procedência do site.

Macao é uma cidade incrível, com forte influência portuguesa que pode ser observada na arquitetura local e em todas as placas e comunicações públicos. Tudo está escrito em cantonês e português, uma seguida da outra. Incrível! Você se sente em casa. Entretanto, quase ninguém fala português – apenas 3% da população. O português é utilizado mesmo como um protocolo ou formalidade, já que ainda há alguns portugueses no governo da cidade.

Após o Bacalhau ao Brás e os pastéis de nata do almoço, seguimos para uma Pagoda, templo budista que deu origem ao nome de Macao. Uma visita interessante, passando por ruas de paralelepipedo e azulejos similares aos que vi em Portugal no início do mês de julho. Macao é também conhecida pelos imponentes cassinos que hospeda – dizem que é a Las Vegas do oriente e atrai milhares de turistas diariamente dispostos a apostar economias de toda uma vida. Os chineses vêm do continente para apostarem suas pequenas fortunas nos cassinos, já que na China continental não é permitido jogar.

Infelizmente, um tufão se aproximava da cidade e poderia comprometer a volta de Ferry Boat. Para não arriscarmos e ficarmos literalmente ilhados em Macao, antecipamos nossa volta a Hong Kong e deixamos de ver algumas das belezas da cidade – mas consegui ter uma boa idéia de como os portugueses influenciaram este pequeno pedaço da Ásia. À noite fomos avisados que o tufão atingiu o nível 8, ou seja, o mais elevado de todos – o que fez com que o trajeto de embarcações entre Hong Kong e seus arredores fosse interrompido. Que bom que voltamos mais cedo.

Em Hong Kong, fiquei hospedado em um daqueles hoteis com quartos minúsculos, em que cabe apenas a sua cama e um pedacinho pra deixar a mala ao lado. Igual aos quartos de empregadas cada vez mais espremidos que temos no Brasil. Mas limpíssimo e suficientes para recarregar as energias à noite. O hotel ficava em Kowloon, a parte continental de Hong Kong, logo em frente à Ilha Victoria. Eu estava justamente na Rua Principal de Kowloon, com milhares de luminosos e pessoas andando de um lado pro outro. Super cosmopolita.

No dia seguinte, juntei-me à minha amiga novamente e lá fomos para mais um templo budista. É engraçado pensar que visitamos tantas igrejas em nossas viagens pelo Brasil, pela Europa... e aqui visitamos templos budistas, muçulmanos, etc... eu adoro, acho a religião um aspecto importantíssimo para conhecer a cultura local.

À tarde, um passeio por Kowloon para avistarmos o ‘skyline’ da Ilha Victoria, e o sol deu o ar da graça, dizendo adeus às reminiscencias do tufão. Aliás, este é o bom do tufão – depois que ele vai embora, o clima fica ideal, menos abafado e sem chuva.

Encerrei meu dia no ‘The Peak’, o pico da cidade onde subimos para ver a vista incrível da Ilha Victoria e Kowloon ao fundo – conseguimos até mesmo avistar a China Continental, onde eu não posso entrar sem passaporte. O jantar foi num típico restaurante local, com sopa de wonton – já na listinha de um dos meus pratos favoritos até agora. Wonton nada mais é do que uma espécie de capeletti grande com carne ou camarão dentro.

No dia seguinte, aproveitei para conhecer mais um escritório do Google, e passei a segunda-feira trabalhando no escritório do Google. O pessoal foi super receptivo e até me levou para almoçar Dim Sum, que definitivamente também entrou pra listinha de favoritos – que comida incrível. Seria o equivalente às tapas na Espanha – vários pratinhos com distintos petiscos. No escritório, tive a sorte de conversar com dois Googlers do mesmo time em que eu trabalho, e trocamos algumas informações muito bacanas sobre diferentes segmentos em que atuamos, e como eles se diferenciam no Brasil e na China.

Voltei para Cingapura feliz por ter conhecido outra perspectiva da Ásia, mais agitada e cosmopolita. Mas devo confessar que retornar a Cingapura depois da minha primeira viagem ao exterior durante a estada aqui me fez sentir como que voltando para casa. Acho que foi um marco, após duas semanas de Cingapura, quando pude me sentir em casa nesta ilha que eu estou chamando de casa por estes meses.

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