domingo, 16 de agosto de 2009

Feriadão na Ásia

E como vocês já leram num post anterior, lá fui eu pras Filipinas aproveitar um fim de semana prolongado que me deixou a segunda-feira de folga (meu único feriado durante toda a estadia por aqui). Uma grande amiga da minha irmã é filipina e mora em Manila. Ela esteve no Brasil duas vezes em 2007 e 2008, e ficou em nossa casa lá em São Paulo. Aproveitando a proximidade, achei que valia a pena pegar um vôo de três horas e meia para encontrá-la e conhecer um pouco da sua vida neste novo país. Além disto, eu já estava curioso para conhecer este país que tanto absorveu das culturas espanhola e norte-americana devido à sua história – e justamente por isto me parecia um país tão próximo da nossa realidade.

Foram 4 dias incríveis com a Trina, que além de amiga da minha irmã tornou-se também minha amiga. Dias de comilança, de aventuras, de descansos, boas conversas e novas pessoas. Dos quatro dias em que lá fiquei passei três dias em Boracay, uma ilhota no meio do arquipélago (sim, olhem no mapa, o país é um grupo de mais de 7 mil ilhas)... uma vilazinha de pescadores que se desenvolveu e tornou-se num ponto turístico bastante frequentado e comparável a Jeri ou Morro de São Paulo, por exemplo. Além disto, um lugar de mar azul clarinho, daqueles que só em foto a gente vê – sabe? Indescritível a beleza.

Em Manila, fui a restaurantes filipinos e também num grego – já que o namorado da Trina é americano de ascendência grega e tem alguns amigos da colônia. Mas voltando à culinária filipina, ela é bastante influenciada pela Espanha e traz muita carne de vaca, frango e porco no menu, além do arroz pra acompanhar. Nada de palitinhos – apenas colher e garfo. Tirando os talheres, quase parece que estamos no Brasil J.

Em Manila também fui a algumas baladas na sexta-feira, super animadas. Acho que eu já tinha esquecido a sensação de entrar num lugar animado, cheio de gente com boa energia e se divertindo... pois é, minha experiências em Cingapura não têm seu ponto forte na balada. O mais bacana foi que eu dirigi o carro do Nick, namorado da Trina. Ele queria ficar mais na balada com alguns amigos, e nós estávamos cansados... então ele sugeriu que eu dirigisse e lá fui eu no trânsito maluco de Manila (que cá entre nós é bem parecido com o de Sampa). Na verdade, o trânsito de Manila é bem melhor que o de Jakarta... lá sim eu acho que o trânsito se tornou um problema gravíssimo.

Em Boracay, muita sombra, água fresca, mar azul, céu limpo e sem chuva, um sol delicioso e um astral relax. Adorei aquela ilha. Para chegarmos, pegamos um aviãozinho de 18 assentos, daqueles que chacoalham bem. Devo confessar que a idade me fez ficar mais medroso, e cada vez que passávamos por uma turbulência, eu sentia aquele frio na barriga. Depois de pousar, pegamos ainda um barquinho e chegamos na ilha, onde não há carros – apenas ‘tuc tucs’, ou motos com um carrinho de metal acoplado ao lado. Um charme, mas super barulhentas.

Foram três dias de descanso, aventuras e boas refeições. Fora as deliciosas sessões de massagem diárias, que eram feitas de frente pra o mar, olhando o pôr-do-sol depois de um dia cheio. Ah, o melhor das massagens era na realidade o preço! Uma hora de massagem no corpo inteiro saia por R$15,00... e olha, era muito boa mesmo.

Passamos por quatro praias nos quatro cantos da ilha, algumas desertas... e também fizemos um passeio num barco de vela só nosso. Uma delícia. Pra variar, fiquei cor-de-rosa, mesmo tendo passado protetor 30 e usado boné... paciência, este sou eu.

A Trina foi uma super anfitriã, me levou nos melhores lugares e conversamos bastante sobre muitos assuntos... amigos em comum, minha irmã, namoros, etc...

Na minha última noite em Manila fomos a um ‘Rockeokê’, um conceito que eu achei incrível e amaria importar para o Brasil. Nada mais é que um caraoquê com palco, microfones, e uma banda ao vivo que toca várias músicas de Rock – você se sente um ‘Rock Start’ – muito bacana. Neste dia também conheci outros amigos da Trina e uma outra amiga da minha irmã também filipina.

Ainda deu tempo de eu fazer um ‘walking tour’ pelo centro velho de Manila, chamado Intramuros, pois lá era o vilarejo que deu início à cidade e era cercado por muros – típico de colonias espanholas, não é? E no último dia de Filipinas, fui trabalhar. Pois é... como o feriado era de apenas 3 dias, mas eu sabia que o Google tinha uma central de Telemarketing em Manila, fui lá visitar a operação e compará-la à que mantemos em São Paulo. Foi bem interessante, e passeim um dia a mais no país.

Enfim, foram dias de descanso mental e noites de curtição neste país que se assemelha muito à nossa realidade latina, com a super companhia de uma cidadã local que fez com que eu amasse o país.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Como aproveitar uma viagem?

- “Aproveita, viu?”

- “Curta bastante!”

- “Volta logo.”

Ouvi muito estas três frases, e variações das mesmas, nos últimos tempos. Mesmo antes de viajar, amigos e conhecidos me felicitavam pela conquista e faziam suas recomendações para que eu tirasse o máximo proveito da experiência. Ora, claro que eu fico feliz em ter amigos que se preocupam comigo e que querem que eu aproveite a minha viagem! Mas devo confessar que depois de algumas centenas de vezes, não quero mais ouvir as frases acima. São várias as razões, as quais descrevo abaixo. Sei que este post vai parecer mal-educado e ranzinza... mas é o espírito do dia – eu também posso ser mal-humorado de vez em quando, né? Pois bem, vamos aos motivos que me levam a desgostar das frases lá de cima:

1) Significado – qual é o significado real de um ‘aproveite? O que a pessoa quer dizer quando ela recomenda que você aproveite sua viagem? Que coma coisas diferentes? Que conheça novas pessoas? Que visite novos lugares? Que descanse? Que trabalhe? Que vá pra baladas? Que explore museus? Que amadureça? Que se distraia? Tudo isto junto? É... o siginificado da frase é tão amplo que eu prefiro receber uma recomendação mais direta, do tipo: ‘Em Cingapura, vá comer um caranguejo com cerveja Tiger no restaurante Jumbo Sea Food da East Coast Road’. Esta frase sim tem um significado direto e uma recomendação fácil de seguir. ‘Volta logo’ é outra que eu não entendo... eu vou voltar no dia 27 de setembro – não há nada que eu possa fazer para mudar isto, a não ser que algo grave ocorra em minha família, e eu realmente espero que isto não aconteça enquanto eu estiver aqui. Portanto, eu volto no dia 27 de setembro... se isto é ‘logo’ ou não, só você pode dizer.

2) Pressão psicológica – decorrente da falta de significado descrita no item acima, o termo ‘aproveite’ me gerou uma certa pressão psicológica em minhas primeiras semanas de Cingapura. Eu me questionei algumas vezes: “será que estou aproveitando? Ainda não conheci o Museu Nacional, e ainda não fui na Roda Gigante... puxa, será que não estou aproveitando? E o trabalho, será que estou conseguindo aproveitar a chance? “. Caraca, é claro que eu estou aproveitando. Mas o simples fato de continuar ouvindo as pessoas recomendando que eu aproveite me faz questionar por um instante se eu estou curtindo mesmo – e a resposta é sempre a mesma: CLARO QUE SIM. Mas porque continuar me perguntando isto? Quem melhor do que eu pra saber se eu estou ou não aproveitando?

3C Cada um é cada um, e vice-versa – e então chegamos ao terceiro ponto. Eu sou eu, apenas eu... e só eu sei aproveitar a minha vida... você aproveite a sua, e eu aproveito a minha. Você pode gostar de aproveitar a vida jogando futebol, indo ao cinema, ou casando-se e tendo filhos. Cada um tem suas formas de aproveitar suas vidas. E eu tenho a minha, com a qual estou muito feliz e satisfeito. Então deixa eu aproveitar a minha vida e a minha viagem do meu jeito... e você se preocupa em aproveitar a sua.

AMIGOS!!!! Acho que quase todos vocês me desejaram uma ótima viagem e recomendaram que eu ‘aproveitasse’, ‘curtisse muito’ e ‘voltasse logo’. Continuo guardando vocês no coração e entendo perfeitamente que vocês apenas querem o meu bem e queriam expressar seu carinho por mim com estas frases. Mas eu precisei escrever isto para libertar toda a pressão psicológica que eu expressei no item dois...

Finalizo por aqui recomendando a todos os meus amigos que ‘aproveitem as suas vidas’ aí no Brasil ou onde estiverem... ‘porque a vida é uma só’... ‘porque o importante é ser feliz’... ‘porque quando a gente percebe o tempo passou’... e por todos os motivos que todos nós já conhecemos e continuamos repetindo. Ah, e aviso que eu volto em 27 de setembro, ou seja, daqui a mais ou menos um mês e meio. Isto é logo suficiente para você? Espero que sim J.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Um país familiar no Sudeste Asiático

Olhando o mapa do Sudeste Asiático e seus vários países, é peculiar notar que apesar da proximidade destes países – há uma grande diferença cultural entre eles. Isto é refletido no idioma que falam, no sistema educacional que utilizam e nas distinna religião que praticam nestas sociedades. Assim, temos países muçulmanos como a Indonésia e a Malásia, budistas como a Tailândia e também católicos como as Filipinas.

E foi depois de ir a Macau e ver a influência portuguêsa incrustada na China, que chegou a vez de eu ir conhecer outro local que guarda muito da sua colonização europeia. As Filipinas têm este nome em homenagem ao Rei Filipe da Espanha, que mesmo tendo colonizado o país, jamais instituiu o idioma espanhol como a língua oficial do arquipélago. Ainda assim, foi a religião católica que unificou as mais de 7 mil ilhas do país e fez com que os filipinos tornassem-se um dos poucos povos católicos do oriente. O espanhol não foi ensinado pois conhecer o idioma significava poder, e era mais fácil manter o controle dos locais se eles não entendessem o que seus colonizadores dissessem, certo? Fora isto, a inexistência de ouro fez com que os espanhois voltassem suas atenções para a América Latina e deixasse de lado esta colônia tão distante, quase no fim do mundo mesmo (afinal, nem mesmo sabia-se se a Terra era redonda à época).

Apesar de o espanhol não ser o idioma oficial, é interessante ver que algumas palavras foram absorvidas pelo Tagalog, o dialeto local falado no norte do país (onde está a capital). Por exemplo, os dias da semana são ‘sábado’, ‘domingo’, ‘lunes’, etc... igualzinho ao espanhol. As horas também são dias em espanhol, por exemplo: ‘nos encontramos à las ocho’. Palavrinhas como ‘pero’, ‘cubiertos’, ‘arroz’, ‘lechon’ e outras também são utilizadas comumente pelo povo local, sem mesmo que eles saibam que as origens destas palavras é o espanhol.

E assim, por centenas de anos a Espanha dominou as Filipinas, até que em 1898 o país fez uma revolução e foi libertado. Entretanto, o plano não deu tão certo – pois o poder passou das mãos da Espanha diretamente para os EUA, como que numa troca de tutores. E assim, após passar pela catequisação espanhola, as Filipinas tiveram seu sistema educacional implementado pelos EUA, que vieram ensinar seu idioma e hábitos ao povo local. O domínio norte-americano durou até a segunda guerra mundial, após a qual as Filipinas tornou-se enfim um estado autônomo e com uma história bastante peculiar – afinal foram séculos de dominação espanhola e décadas de dominação norte-americana. O interessante disto é que hoje 90% dos filipinos falam inglês com um sotaque bastante americanizado, o que torna o país o terceiro maior estado de idioma inglês no mundo e tem chamado a atenção do mundo para os Call Centers que estão se instalando lá. Não por acaso o Google tem também seu Call Center para o Sudeste Asiático instalado no país.

Hoje, o país sofre com um governo nem sempre eficiente, e tem vários pontos a serem desenvolvidos na política, educação e outras esferas da sociedade. Estive lá uma semana após a morte de Corazon Aquino, mártir do fim da ditadura de Marcos (lembram-se da Imelda Marcos, dos milhares de pares de sapatos? Era esposa do ditador) e que presidiu o país entre 1986 e 1992. A filipina de pulso firme era viúva de um exilado política contrário ao ditador, e foi após a morte de seu marido que ela ganhou força do povo para que a ditadura fosse interrompida. Uma história que vale a pena conhecer e que rendeu a ela a segunda capa exclusivamente feminina de uma Revista Time (a primeira foi a Rainha Elizabeth em 1952).

Recomendo as Filipinas e a sua história incrivelmente similar à história de nosso continente latino – um país de belezas naturais, de povo hospitaleiro e com uma cultura instigante.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Na Conchinchina

E lá fui eu conhecer um pouco mais deste continente encantador. Uma amiga minha que estava fazendo um tour de negócios pela China ía estar em Hong Kong num fim de semana de julho, e me convidou a juntar-me a ela para nos encontrarmos e passearmos juntos por lá. Olhei as passagens, achei um bilhete com ótimo preço e lá segui eu para Hong Kong, num sábado bem cedinho.

Às dez e pouco da matina já estava pousando no moderno aeroporto da cidade, que apesar de pertencer à China, tem algumas políticas e leis especiais – por exemplo, eles não requerem visto para a entrada de Brasileiros, como ocorre na China. Tomei um trem e rapidamente estava no hotel da Dri, minha amiga. Ela e o grupo de brasileiros que ela estava guiando tinham combinado de ir passar a tarde em Macao, outra cidade chinesa a 60km de Hong Kong que também tem sua autonomia perante a China.

Após uma viagem de uma hora num Ferry Boat, chegamos a Macao e fomos almoçar em um típico restaurante macauense – ou melhor, português. Sim, pois Macao é uma antiga colônia de Portugal, que foi devolvida à China em 1999 – dois anos após Hong Kong ter sido devolvida pelos ingleses à China. Ambas as cidades mantiverem suas regras, políticas, moedas, códigos de área e até mesmo aquelas duas letrinhas ao final do site para denominar o país de procedência do site.

Macao é uma cidade incrível, com forte influência portuguesa que pode ser observada na arquitetura local e em todas as placas e comunicações públicos. Tudo está escrito em cantonês e português, uma seguida da outra. Incrível! Você se sente em casa. Entretanto, quase ninguém fala português – apenas 3% da população. O português é utilizado mesmo como um protocolo ou formalidade, já que ainda há alguns portugueses no governo da cidade.

Após o Bacalhau ao Brás e os pastéis de nata do almoço, seguimos para uma Pagoda, templo budista que deu origem ao nome de Macao. Uma visita interessante, passando por ruas de paralelepipedo e azulejos similares aos que vi em Portugal no início do mês de julho. Macao é também conhecida pelos imponentes cassinos que hospeda – dizem que é a Las Vegas do oriente e atrai milhares de turistas diariamente dispostos a apostar economias de toda uma vida. Os chineses vêm do continente para apostarem suas pequenas fortunas nos cassinos, já que na China continental não é permitido jogar.

Infelizmente, um tufão se aproximava da cidade e poderia comprometer a volta de Ferry Boat. Para não arriscarmos e ficarmos literalmente ilhados em Macao, antecipamos nossa volta a Hong Kong e deixamos de ver algumas das belezas da cidade – mas consegui ter uma boa idéia de como os portugueses influenciaram este pequeno pedaço da Ásia. À noite fomos avisados que o tufão atingiu o nível 8, ou seja, o mais elevado de todos – o que fez com que o trajeto de embarcações entre Hong Kong e seus arredores fosse interrompido. Que bom que voltamos mais cedo.

Em Hong Kong, fiquei hospedado em um daqueles hoteis com quartos minúsculos, em que cabe apenas a sua cama e um pedacinho pra deixar a mala ao lado. Igual aos quartos de empregadas cada vez mais espremidos que temos no Brasil. Mas limpíssimo e suficientes para recarregar as energias à noite. O hotel ficava em Kowloon, a parte continental de Hong Kong, logo em frente à Ilha Victoria. Eu estava justamente na Rua Principal de Kowloon, com milhares de luminosos e pessoas andando de um lado pro outro. Super cosmopolita.

No dia seguinte, juntei-me à minha amiga novamente e lá fomos para mais um templo budista. É engraçado pensar que visitamos tantas igrejas em nossas viagens pelo Brasil, pela Europa... e aqui visitamos templos budistas, muçulmanos, etc... eu adoro, acho a religião um aspecto importantíssimo para conhecer a cultura local.

À tarde, um passeio por Kowloon para avistarmos o ‘skyline’ da Ilha Victoria, e o sol deu o ar da graça, dizendo adeus às reminiscencias do tufão. Aliás, este é o bom do tufão – depois que ele vai embora, o clima fica ideal, menos abafado e sem chuva.

Encerrei meu dia no ‘The Peak’, o pico da cidade onde subimos para ver a vista incrível da Ilha Victoria e Kowloon ao fundo – conseguimos até mesmo avistar a China Continental, onde eu não posso entrar sem passaporte. O jantar foi num típico restaurante local, com sopa de wonton – já na listinha de um dos meus pratos favoritos até agora. Wonton nada mais é do que uma espécie de capeletti grande com carne ou camarão dentro.

No dia seguinte, aproveitei para conhecer mais um escritório do Google, e passei a segunda-feira trabalhando no escritório do Google. O pessoal foi super receptivo e até me levou para almoçar Dim Sum, que definitivamente também entrou pra listinha de favoritos – que comida incrível. Seria o equivalente às tapas na Espanha – vários pratinhos com distintos petiscos. No escritório, tive a sorte de conversar com dois Googlers do mesmo time em que eu trabalho, e trocamos algumas informações muito bacanas sobre diferentes segmentos em que atuamos, e como eles se diferenciam no Brasil e na China.

Voltei para Cingapura feliz por ter conhecido outra perspectiva da Ásia, mais agitada e cosmopolita. Mas devo confessar que retornar a Cingapura depois da minha primeira viagem ao exterior durante a estada aqui me fez sentir como que voltando para casa. Acho que foi um marco, após duas semanas de Cingapura, quando pude me sentir em casa nesta ilha que eu estou chamando de casa por estes meses.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Novidades de um mundo muderno

Dia destes me senti como um jeca chegando na cidade grande e avistando aquelas incríveis ‘escadas rolantes’ de Shopping Centers... que parafernalha incrível aos olhos de quem sempre se acostumou usar as próprias pernas para subir uma escada ou uma árvore, não é?

Pois bem, depois de duas semanas no trabalho, comecei a reparar que o elevador às vezes parava num andar qualquer, ficava lá parado um pouco sem abrir a porta, e uma gravação falava qualquer coisa do tipo ‘serving of the day’. Admito que demorei alguns dias para relacionar a gravação à paradinha... até que reparei que, de fato, sempre que o elevador parava, a frase saia de forma suave e delicada. Mas nem sempre o elevador parava... às vezes ía direto pro meu andar.

Fiquei curioso... e comecei a prestar atenção na frase... o que significaria ‘serving of the day’? Será que naquele dia tinha algo especial para comer em algum restaurante lá por perto? E porque era sempre na paradinha do elevador?

Perguntei! Um belo dia, perguntei para um colega do trabalho o que a frase dizia, e porque o elevador dava aquela paradinha... e a surpreendente resposta: o elevador tem dois andares! Sim... tinha gente em cima, ou embaixo – não sei – do nosso elevador. Em outro elevador acoplado, grudado mesmo... Assim, se alguém entra na garagem, pode também entrar outro alguém no térreo e aí os dois sobem juntos no mesmo elevador, mas em sem se verem e saberem quem está acima ou abaixo... e imagina se um vai no 37 e o outro no 38... o elevador só pára uma vez, e ambos desembarcam!

E então, perguntei também o que afinal de contas a mulher da gravação falava: ‘Serving other deck’. Tudo fez sentido :P. Me achei um caipira na cidade grande, que nem no episódio do termómetro modernoso. Mas também descobri que quase ninguém que é de fora de Cingapura, nem mesmo australianos ou ingleses, conheciam tal artefato.

Outra modernidade dos elevadores da nossa torre de 49 andares: os elevadores são divididos para darem acesso a um número restrito de andares. Assim, eu apenas tomo elevadores que me deixem entre os andares 31 e 40, o que agiliza a subida de todos os funcionários, indiferente do andar. Toda vez que subo ou desço, preciso compensar a pressão atmosférica de fora e dentro da cabeça, sabem? Quando subimos ou descemos a serra? Aqui é todo dia assim :P.

Muderno, né? Conheciam? Eu achei um barato, não sei até que ponto tão útil... mas diferente J.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Vida social em Cingapura

Nunca imaginei que o ritmo frenético da minha vida social em Sampa fosse seguir por aqui... na verdade imaginei que fosse fazer amigos, sair, conhecer locais, etc... mas não de forma tão intensa como tem sido.

Desde que cheguei, busquei muito a aproximação com o pessoal do escritório. Os Googlers de Cingapura não são muito da balada, mas saem para jantar com frequencia! Nestas, já fui convidado para jantares indianos, indonésios, filipinos, cingapurianos, tailandeses e muitos outros... incríveis! A gente sai do trabalho direto pro restaurante, e fica lá até umas 21h.

Além dos meus amigos do trabalho, de quem eu já estou bem próximo :), tenho vários outros amigos que fui reencontrando e conhecendo por aqui.

O Luis Rene é um mexicano que mora aqui há quatro anos. Nos conhecemos em El Salvador, em 2003, quando eu ainda estava na AIESEC. Nos vimos outra vez em duas outras conferências da AIESEC naquele ano, e depois nunca mais... sempre soube que ele estava por aqui, e por isto marcamos um jantar logo na primeira semana em que eu estava por aqui.

A Brenda, minha amiga canadense que está aqui há três anos e deve mudar-se para o Reino Unido no fim do mês, também tem sido uma super companheira! Já sai com elas mais vezes - passamos um domingo todo passeando pela cidade, fomos ao teatro, a um "café de interações", num bar de batucada e também jantamos num indiano incrível que é o favorito dela.

Tem também alguns brasileiros:

Renato, um amigo meu da adolescência, que viajou comigo à Indonésia em 1997. Está morando aqui há pouco mais de 7 meses, e amando a vida! O trabalho dele é pesado, e por isto nos vimos duas vezes - para uma cerveja na orla de Cingapura e para um jantar tailandês. A namorada dele mora aqui também, super simpática, mas vai passar uns dois meses no Brasil e não devo mais vê-la.

O Pedro é filho de uma amiga da minha tia, e me chamou pra um jantar árabe na casa dele. Foi bem legal, conheci uma boa parte da colônia de brazucas por aqui. Super simpáticos ele e a mulher, mas eles moram no norte da ilha, a uma hora daqui quase... lá pertinho da Malásia. E também estavam recebendo familiares no mês de julho, por isto nos vimos apenas aquela vez.

A Chelmy é amiga de um amigo brasileiro meu, e tá morando aqui há três meses e pouco (antes estava na China e na Tailândia)... super divertida, fomos numa balada de batucada e depois fui comer um legítimo podrão cingapuriano - que aqui consiste num Roti John e Milo Dinosaur... atentos ao facebook, qualquer hora pintam as fotos por lá.

A Carol é amiga da Chelmy, uma maranhense gente fina também, que foi comigo ver a maior fonte do mundo e o show de luzes à noite, depois de jantarmos num japones que fica com aquelas esteirinhas passando os pratinhos. Super divertida também!

Também conheci um belga e um alemão por meio da Brenda, que eram da AIESEC e moram aqui desde o início do ano. Fomos à Arab Street fumar shisha esta semana - foi um papo bem bacana, com baforadas sabor maçã! Bem que podia ter uns bares de shisha aí em Sampa, acho que o conceito seria bem aceito... se bem que com a nova lei, não pode mais, né? Melhor assim.

Enfim, toda a noite eu tenho um convite, mas devo confessar que isto tem me cansado... hoje voltei de um teatro com a galera do escritório - um musical muito bacana e super local (os caras falavam Singlish adoidado).

As baladas ficam na memória. Apenas uma vez fui com alguns amigos do trabalho aqui perto no China 1, uma das poucas baladas que não pedem entrada (em compensação, cada drink custa uns R$20)... e na porta da balada eles medem a sua temperatura (com aquelas engenhocas modernosas que levam menos de um segundo pra dizer sua temperatura). Foi bacana... mas nem ao pés das minhas velhas baladas brasileiras!!!!

Jantares, passeios, viagens... tenho aproveito muito a vida fora do trabalho, especialmente com os meus colegas Googlers!! Vou sentir falta deles, mas fico feliz por criar bons laços por aqui também :)

O mais difícil é voltar pra Sampa em pouco mais de um mês, e deixar pra trás o pouco que consegui construir aqui, às vezes fico até ansioso por pensar em como eu queria fazer mais e mais coisas, mas não tenho tempo ou forças para isto...

E vou levando por aqui! Não me digam para aproveitar mais do que já estou aproveitando, por favor!!! Tenho consciência de que esta experiência é única e passa logo, e estou curtindo ela ao máximo - profissionalmente e socialmente!



terça-feira, 4 de agosto de 2009

Reencontro - de volta à Indonésia

Na última sexta-feira, peguei um avião com destino à Ilha de Java. Após uma hora e meia de vôo, lá estava eu – chegando em Jakarta, a capital da Indonésia. Cidade populosa – uma das maiores do mundo, com mais de 20 milhões de habitantes, no maior país muçulmano do mundo. Uma cidade caótica, de trânsito pesado e repleta de shopping centers onde os habitantes costumam passar seu tempo livre. Além disto, uma cidade com pessoas tão incríveis e acolhedoras que me proporcionaram um dos melhores finais de semana dos últimos tempos.

Há doze anos, passei um mês vivendo com uma família indonésia lá em Jakarta. Era parte de um programa de intercâmbio do CISV, no qual eu recebi um ‘irmão indonésio’ por um mês na minha casa, e após um ano passei um mês em sua casa, junto com sua família. Foi um mês incrível, para um jovem de 14 anos conhecer uma realidade tão diferente da nossa, foi até mesmo chocante. O programa era realizado em um grupo de 8 jovens brasileiros e 8 jovens indonésios – cada um com seu respectivo ‘irmão’ – além de um líder responsável por cada delegação (maior de idade). Conviver com um cidadão local fez com que apreciássemos a beleza e as delícias de se morar em uma cidade tão assustadora quando vista pelos olhos de um estrangeiro.

E então, após doze anos em que eu mal conversei com meu ‘irmão Indonésio’, lá fui eu visitar o Dipa e saber o que tinha mudado em sua vida. O plano para o fim de semana? Nada em especial – acompanhá-lo em seu dia a dia e também encontrar o restante dos indonésios que conheci naquela época. Sabia que muita coisa tinha mudado – os pais do Dipa faleceram em 2001, um seguido do outro, sucumbindo a distintos cânceres. Ficaram apenas ele e sua irmã Desi, que após finalizarem os estudos em Melbourne, voltaram para a capital indonésia para tocarem os negócios da família – uma indústria de alimentos. Também sabia que o Dipa estava casado, assim como a Desi – sua irmã. E ao conversar com ele no telefone combinando sobre a viagem, ele me disse também que seria papai em breve. Imaginem vocês, por tabela eu vou ser titio!

Na chegada em Jakarta, lá estavam o Dipa e a Judith, sua esposa. Ambos notamos as mudanças após doze anos de distância – muitos quilos a mais, uma aparência adulta (claro, éramos adolescentes) e o mesmo rosto! Nos reconhecemos de cara e demos um forte abraço. Na saída do aeroporto, começamos a epopeia gastronômica por Jakarta. Fomos a um restaurante de rua (conceito equivalente a um boteco ‘copo sujo’ em São Paulo, mas onde se serve comida), e comemos noodles fritos, provenientes do norte da Sumatra. Apetitoso! Seguimos para o apartamento do Dipa e da Judith, que fica numa torre em cima de um shopping center – algo que está se tornando comum em Jakarta e que já existe há bastante tempo por lá.

Após um pouco mais de papo, estávamos exaustos e fomos para a cama – o plano para o dia seguinte já estava completo. Levantamos às nove horas, e descemos ao shopping para um reforçado café da manhã: Dim Sum (Hong Kong style) com direito a provar um dos dumplings que eram pés de galinhas. Adorei provar a especiaria, que não tem um gosto específico – você sente o molho muito forte, mas a textura é interessante e há pequenos ossinhos minúsculos que se perdem em sua boca. Seguimos para uma loja de batik no shopping, onde comprei alguns lindos panos indonésios e também uma calça de batik para mim. De lá, seguimos para uma feira de bebês e mamães, já que a Judith está em seu 5º mês de gravidez e queria visitar a feira. O irmão e a irmã mais novos da Judith vieram conosco, e passamos pouco mais de uma hora por lá. Seguimos para um outro shopping center para almoçar no restaurante da família da Judith – comi uma sopa de curry com frango deliciosa, e demos mais uma volta. Os shoppings em Jakarta são realmente a grande atração da cidade – pois recriam o mundo exterior no conforto do ar condicionado e segurança do shopping. Modernos e com muita cenografia, não me lembram os shoppings lotados e apertados de Sampa.

À noite, seguimos para um terceiro shopping, onde tínhamos marcado um jantar típico indonésio com todos os indonésios que participaram do intercâmbio há 12 anos. Éramos 9 no total, e destes todos, apenas uma garota não pôde comparecer, pois mudou-se de cidade. Foi uma noite incrível, de reencontros, surpresas, lembranças, atualizações e apresentações. Eles também não se viam entre si havia muito tempo, e alguns já estavam casados, com filhos, etc... foi uma noite muito especial, em que percebi que até mesmo a distância e a falta de contato durante doze anos não quebram a amizade sincera e sólida que contruímos ao longo dos dois meses que passamos juntos – em 1996 e 1997. Dois meses intensos de aprendizado e crescimento, de convivência e respeito com o diferente. Certamente, uma experiência que me marcou e que em muito contribuiu para que eu quisesse hoje voltar ao Sudeste Asiático.

À noite, ainda vi as fotos do casamento do Dipa, e fomos para a cama após um dia cheio – pois a programação do dia seguinte já estava novamente cheia. Levantamo-nos bem cedinho, lá pelas 7:30h, e após tomar meu banho e fazer minhas malas, fomos direto para a igreja. Apesar de a Indonésia ser um país majoritariamente muçulmano, o Dipa e sua mulher são católicos – também em função de sua ascendência chinesa. Achei ótimo, pois é sempre interessante assistir a missas em outros idiomas, em outros países. Como a missa católica é muito similar ao redor do mundo inteiro, não boiei completamente, e achei até interessante ver uma missa falada em Bahasa-Indonésio. Bem em frente à Catedral a que fomos, fica uma imensa mesquita. E lá fomos nós conhecer o templo, já que estava tão próximo. Fizemos uma rápida visita guiada, mas que nos mostrou o interior da terceira maior mesquita do mundo – atrás apenas da construida em Mecca e outra em Medina. Incrível ver a construção e a sala de orações, com setas apontando para Mecca, mas mais legal ainda foi ver católicos e muçulmanos convivendo frente a frente, em paz.

A próxima parada foi o Monumento Nacional, um obelisco construido como marco da independência da Indonésia, que livrou-se do domínio holandês em 1945. Cheio de turista locais, que vêm dos arredores de Jakarta para aproveitar o domingo no monumento, ficamos lá por uma hora e tiramos algumas belas fotos – para então seguirmos a um restaurante onde almoçamos novamente comidas típicas do país. Arroz vermelho, frango, e vários outros pratinhos com temperos, cores e sabores diferentes – que comemos com colher e garfo (aqui não se usa palitinho quase). Uma delícia. E o mais bacana foi que praticamente todos os meus amigos indonésios estavam novamente presentes, para despedirem-se de mim. Foi emocionante. Fiquei muito feliz também por rever a minha ‘irmã’ indonésia, a Desi – irmão do Dipa – que apareceu por lá com seu marido, um holandês. Conversamos bastante e pusemos as notícias em dia. De lá, fui diretamente ao aeroporto para pegar meu avião de volta a Cingapura.

Na bagagem, além de diversos presentes para mim e para a minha família brasileira (de diferentes amigos) e uma sensação incrível de conforto e alegria por ter tido o privilégio de rever amigos tão queridos, e que me receberão tão bem.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Por que vivemos em um país inseguro?

Morar em outra cidade... outro país. Conhecer outras culturas e modos de vida, conviver com pessoas que pensam de forma diferente daquela a que você já está acostumado. Experiências como estas fazem com que amadureçamos... fazem com que aprendamos a nos virar em momentos de aperto, e fazem também com que enxerguemos a mundo por outra ótica. Aprendemos a compreender aquilo que não nos é familiar, a apreciar e respeitar o diferente. E também faz com que, ao voltarmos para a nossa realidade, nos questionemos e percebamos que é possível mudar a forma como vivemos – a desafiar nossos costumes e convenções.

Quando eu tinha nove anos, minha mãe resolveu levar minha irmã e eu para conhecer um novo país. Ela queria mostrar para a gente que era possível morar num lugar limpo, seguro e onde as coisas funcionassem bem, diferente daquele caótico Brasil do início dos anos ’90. E lá fomos nós para os EUA.

Desde então, tive o privilégio de conhecer muitos outros países e culturas distintas – entrando em contato com realidades mais duras do que a do nosso país – como na época em que morei na Venezuela, e também vivendo num mundo perfeccionista como no ano que passei na Suíça. Hoje, aos vinte de seis anos, estou passando por uma experiência intensa e que tem me feito questionar muito sobre o nosso modo de vida em São Paulo e tantas outras cidades do Brasil.

Cingapura é um exemplo de país que conseguiu controlar sua criminalidade a níveis próximos de zero – praticamente não há assaltos, assassinatos ou roubos nesta ilha de pouco mais de 6 milhões de habitantes. Regras severas controlam os cidadãos e punem duramente aqueles que saem da linha. Na rua, não se vê um papel sequer – lugar de lixo é no lixo. Às três horas da manhã, você pode caminhar com tranquilidade por qualquer rua mal iluminada da cidade – nada acontecerá com você.

Entendiante? Chato? Pelo contrário. Cingapura tem calor humano, é um país muito receptivo e aberto a estrangeiros de todo o mundo. Caminhando pelas ruas da cidade, você verá restaurantes com suas mesas na calçada e grupos de amigos conversando animadamente. Há templos católicos, budistas e muçulmanos espalhados pelo país, e todos convivem pacificamente entre si. Há carros modernos mas também aqueles mais antigos trafegando pelas ruas, e o colorido asiático pode ser visto nas roupas das pessoas.

Por isto, é tão fácil acostumar-se a um país que reune o melhor dos dois mundos: a civilidade do mundo desenvolvido e a alegria do mundo em desenvolvimento. Uma combinação perfeita!

Ao chegar aqui, muitas pessoas me fizeram perguntas sobre meu país, minha cidade... perguntavam, entre outras coisas, se o Brasil realmente era inseguro como dizem por aí. Minha resposta inicial era negativa, claro. Oras, eu vivo no Brasil desde que nasci, vou pra lá e pra cá, e nada me acontece... claro, é só você saber se cuidar... ‘é só saber se cuidar’... esta frase é incrível, né? Demonstra exatamente que nós já nos acostumamos a viver num estado constante de atenção.

As perguntas continuavam:

- ‘é verdade que você não pode parar o carro no semáforo à noite, com o risco de ser assaltado?’

- ‘é verdade que você não deve sair com relógio ou jóias de casa, com o risco de ‘chamar a atenção’?’

- ‘é verdade que funcionários do Google já foram assaltados perto do escritório?’

- ‘é verdade que algumas pessoas são seqüestradas por algumas horas e ficam presas no porta malas do carro? ‘ (notem que o vocabulário deles não engloba o termo ‘sequestro relâmpago’... já que isto não existe por aqui.

- ‘é verdade que funcionários do Google que visitam o Brasil têm guarda-costas e seguranças?’

Infelizmente, a resposta para todas estas perguntas era positiva – e algumas delas eu posso afirmar por experiência própria... e então, eu me questiono: Será que vivo mesmo numa cidade segura?

É normal eu sair de casa à noite e olhar constantemente ao meu redor para saber se estou sendo seguido?

É normal não querer comprar um celular caro porque tenho medo de chamar atenção de um ladrão?

É normal a gente ficar assustado quando alguém se aproxima do seu carro no cruzamento?

É normal que todos os meus amigos já tenham sido assaltados, ou conheçam alguém próximo que já tenha sido?

Nós nos acostumamos a viver com a violência constante. Achamos que a criminalidade é um problema existente e que só será resolvido com equiparação social, com educação para todos e muitas outras políticas públicas que levam muito tempo para surtirem efeito. Nos eximimos da responsabilidade de lutar contra esta violência, e nos rendemos a ela isolando-nos cada vez mais em nossas bolhas... nossos condomínios fechados, carros blindados, e mundos a salvo de todo e qualquer perigo que sempre está lá na esquina.

Aqui em Cingapura, as pessoas se acostumam com o oposto. Dormem com suas casas abertas, confiam em qualquer estranho que os aborde na rua, deixam suas bolsas e mochila na mesa de uma praça de alimentação para ir buscar sua comida, e andam despreocupados por aí. E então, eles vão para o Brasil, e com aquela cara de turista que têm (pois geralmente estão andando despreocupadamente e admirando nossas belezas) são logo assaltados. E nós prontamente os criticamos: ‘claro, deram bobeira’.

Será que são eles os bobos da história? Ou será que bobos somos nós, que nos acomodamos e não agimos de forma efetiva contra este que é, na minha opinião, um dos problemas mais sérios que enfrentamos hoje. Mais ainda do que o trânsito (apesar de ele parecer mais grave, pois nos afeta diariamente).

Hoje, quando me perguntam se o Brasil é um país seguro, respondo que não é seguro como Cingapura... confesso que são meias palavras. Uma forma leve de admitir que o Brasil é sim um país em que a criminialidade não é combatida de forma séria e efetiva, mas fazendo que o problema soe menos grave do que é realmente. Mas sei que vivemos em uma sociedade em que há um sentimento constante de alerta e na qual ninguém está salvo de uma fatalidade.

Por isto eu recomendo a todos os leitores que se questionem e tomem contato com outros exemplos de vida em sociedade onde esta violência toda não esteja tão presente. É possível sim vivermos em uma cidade mais segura e menos assustadora, mas isto envolve o esforço de cada um de nós, votando conscientemente, questionando os nossos próprios estados de conformismo e tomando atitudes que diminuam a violência ao invés de apenas protegermo-nos dela.

Finalizo o texto com um aperto do peito e com meus olhos marejados, me sentindo triste por chegar à conclusão que eu me acostumei a viver numa cidade que pode ser tão violenta como São Paulo e por ter negado esta violência por tanto tempo. Mas não me sinto intimidado de voltar para lá no mês que vem... continuo amando meu país e suas inúmeras qualidade, e sei que tenho um papel de despertar em outros brasileiros que se conformaram com a violência o sentimento de que é possível sim nos tornarmos um país ainda mais maravilhoso e controlarmos de forma efetiva o problema sério da criminalidade em nossa sociedade.

domingo, 2 de agosto de 2009

América Latina é apresentada à Ásia!

No Google, é comum que toda a semana a gente tenha uma confraternização entre os funcionários... com comes, bebes, bate-papo, etc... chama-se TGIAF (Thank God it’s Almost Friday), e acontece na última hora da quinta-feira. Lá no Brasil, esta reunião costuma ser um ‘rega-bofe’ após uma reunião formal com todos os funcionários do escritório.

No escritório de Cingapura, o TGIAF geralmente tem um tema e é apresentado por diferentes pessoas. Eles gostam muito de fazer gincanas, dança, etc... no primeiro TGIAF que estava aqui, fizeram uma gincana sobre o Michael Jackson, com músicas dele, etc... foi divertido. Na semana posterior, teve uma aula de dança de Bollywood – um barato! E então, eu me ofereci para ser anfitrião de um TGIAF Latino Americano!

Como eu queria mostrar um pouco da nossa cultura, fiz uma apresentação mais geral sobre a região, sua história, geografia, o Google na América Latina... e depois falei de alguns países especificamente, com um foco especial no nosso querido Brasil! J

Foi bem legal poder mostrar mais sobre nosso pedaço do planeta, pois aqui não se fala muito sobre a América Latina. Falando sobre os países hispano-hablantes, fiz um jogo com eles – em que eles tinham que adivinhar o que significavam algumas frases em espanhol. Assistimos a este vídeo hilário em espanhol, e eles chegaram à conclusão que até que sabiam falar bem espanhol.

Na parte sobre o Brasil, é claro que eu falei sobre nossa comida (iami) e servi brigadeiro e pão de queijo para todos. Eu consegui um contato de uma brasileira que fez os petiscos para mim e aí ficou tudo mais fácil (pois eu não trouxe nenhum ingrediente). E também joguei um pouco de capoeira com um canadense que é chegado no Brasil aqui... foi um sucesso!!! No fim até ensinei o pessoal a dançar forró!!! Faltou só mesmo a caipirinha, mas eu não achei cachaça por aqui L.

O fato é que todos curtiram muito, e ficaram conhecendo melhor sobre nosso país, idioma, cultura, etc... mostrei um vídeo super legal, chamado Brasil Sensational, que o ministério do turismo fez para divulgar nosso país. Recomendo a todos!

A noite finalizou numa legítima churrascaria brasileira, chamada ‘Viva Brasil’. Fomos eu e mais 8 colegas do trabalho comer carne e mais carne! Eu pessoalmente não sentia falta, pois estou super feliz com a culinária asiática! Mas queria mostrar para eles um pouco da nossa cultura, e comida também é cultura, né?

Em suma, foi uma atividade difícil de organizar, mas bastante recompensadora – espero que assim eles tenham uma imagem ainda melhor da nossa região e país, que mesmo com tantos problemas, ainda é tão incrível e belo!

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Singlês - o inglês cingapuriano

O inglês de Cingapura, também conhecido como Singlish, é uma mistura do inglês com um sotaque forte chinês. Ao chegar no país, me espantei com este jeito peculiar e carregado de quase todo mundo com quem interajo – taxistas, balconistas, garçons e etc... apesar de todos falarem um inglês estruturalmente correto, o sotaque é tão forte que às vezes tenho a sensação de que eles estão mesmo falando chinês comigo.

Mesmo no escritório, em que o time é tão diverso e traz pessoas de diversos países da região como Malásia, Vietnam, Filipinas, Índia, Tailândia e Indonésia, notei que aqueles que são originalmente de Cingapura geralmente têm um sotaque mais forte, similar ao dos chineses.

Por isto, às vezes eu simplifico meu falar para que algumas pessoas me entendam mais facilmente pelas ruas de Cingapura – solto um ‘ténkiu’ ao invés de ‘thanks’. :P

O Singlish também absorve alguns cacoetes e palavras chinesas. Por exemplo, quando vamos a um Hocker Center comprar comida para consumir no escritório ou em casa, pedimos ‘Chicken Rice’ tappao. Este termo designa ‘para viagem’, e é exatamente a tradução para o chinês. Adorei – é minha segunda palavra em chinês (a primeira é Ni Hao – tudo bem). Ah, e tem outra coisa bem engraçada que eu sempre vejo uma colega minha que é local de Cingapura usar: ‘lah’. É um sufixo usado em ‘qualquer situação’ para significar ‘nada’! Ou seja, você pode ouvir um ‘Let’s go to a restaurant-lah’, que significa exatamente: ‘Let’s go to a restaurant’. Ou você pode ainda ouvir um ‘How was your day-lah?’, que é nada mais nada mesmo do que uma pergunta sobre como foi o seu dia? O ‘lah’ não agrega nada à frase, mas traz uma certa graciosidade, não? Eu posso até falar que já sei falar Singlish se eu começar a adicionar lah no fim das minhas palavras ou frases .

Tem também o jeito de falar ‘sim’ e ‘não’ aqui: sim = ‘can’ e não = ‘can not’. Simples assim!! Ou seja, eu posso perguntar: ‘Do you wanna go out for dinner?’ e a resposta será ‘Can!’. Ou eu posso dizer: ‘Você sabe onde está o fulano? ‘, e a resposta pode ser ‘Can not’.

Finalmente, descobri um outro termo bem engraçado do Singlish. É uma tradução ao pé da letra de um termo chinês, ‘YU SI MI NO UP’. Se eu falo isto pra alguém, quero dizer que ele está com vergonha de mim, que ele sabe que fez algo errado... imagina uma mãe falando pro filho que fez arte: YU SI MI NO UP! Agora vamos traduzir exatamente: ‘You See Me No Up’ – ou seja, você não me olha nos olhos, você está com vergonha de mim porque sabe da merda que fez... adorei este termo!!! Vou usar assim que tiver uma oportunidade (tudo bem, é meio duro... quem sabe não terei esta oportunidade, heheheh, então vou usar de zoeira).

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Minha casa em Cingapura

Um post para matar a curiosadade de muitos. Estou morando em um flat muito bonito, confortável e bem localizado aqui na cidade.

Chama-se ‘Somerset Liang Court’, e fica exatamente ao lado do Novotel (dividimos a piscina com ele), numa região chamada Clarke Quay e conhecida por ser freqüentada majoritariamente por gringos turisteantes.

Entre as facilidades do flat, tenho sauna, piscina, academia (pergunta se deu tempo de usar qualquer um dos três... confesso, fui uma vez em cada um deles, só pra constar), e ainda conto com serviço de quarto diário (ou seja, não faço minha cama nem lavo louça... poderiam passar minhas roupas que eu não ía reclamar, mas esta tarefa infelizmente eu é que tenho de fazer). Ah, tem também um café da manhã lá embaixo que é o mesmo menu todos os dias... café da manhã continental, sabe? Com ovos mexidos e salsichas. Foi ótimo dos primeiros quatro dias, mas agora eu estou deixando passar e como em casa mesmo meu pão, leite, cereal... ou dependendo do atraso, tomo um café da manhã no Google, que aqui oferece Yakult pra gente (to viciado - será que vai me fazer mal tomar uns 2 por dia? Tem aquela lenda, né...? Ou será que é invenção de mãe...?).

Voltando ao apartamento, ele fica no 17º andar e tem uma vista de outros edifícios comerciais ao lado, nada muito lindo. São dois quartos, um deles com banheiro dentro (o meu) e com cama de casal (que eu uso sozinho), além da sala de TV com sofás, a sala de jantar e uma cozinha estilo americana – totalmente equipada. Tem inclusive um item que é um sonho de consumo meu, aquela máquina que lava e seca alternadamente (sem você precisar tirar de uma e colocar na outra - é dois em um). Tudo muito bem decorado, de forma clean e de bom gosto. Claramente, o ar condicionado é item imprescindível -apesar de eu detestar como ele deixa o ar seco e mais frio do que eu gostaria...

Descendo, tem um shopping center (pra variar – quase não tem disto aqui em Cingapura, imaginem) com várias lojas – livrarias, restaurantes, lojas de roupas, mercado e até massagista. Bem agradável, mas não é bem um shopping como os nossos – seria mais um centro comercial – acho que este conceito não existe em Sampa...

E logo do lado tem toda a parte de Clarke Quay, com inúmeros restaurantes coloridos e atraentes – parece uma praça de alimentação da Disney World, com todos os tipos de comidas e performances para chamar sua atenção. Tudo isto fica bem na beira do rio... ainda não descobri o nome do rio, quando souber eu falo. Eu to a 8 minutos a pé do metrô (o que significa dizer que, ao chegar lá, já estou suando bastante). Daí, é só pegar duas estações, trocar de linha, andar mais uma... e listo – em meia hora estou no trabalho! Outro dia eu até voltei a pé do trabalho, pois já eram umas 22h e o tempo estava tranquilo... dá uns 30 minutinhos a pé, bem razoável J.

Meu flat mate é um australiano de origem paquistani que acabou de se mudar para cá, veio do Google de Sydney para recomeçar a vida aqui em Cingapura. O cara trabalho muito, de noite, de dia... então não ficamos tanto tempo junto - mas vira e mexe saímos para jantar, ou vamos juntos pro trabalho... é um cara sossegado e gente fina - fica aqui no quarto ao lado.

Nada mal morar assim, né? Agora preciso explorar um parque que tem aqui em frente de casa, mas tem uma subidona pra chegar nele... vou me esforçar pra acordar bem cedinho um dia e caminhar por lá!

terça-feira, 28 de julho de 2009

Festa Brasileira

Na última terça-feira, 21 de julho, fui convidado por um conhecido brasileiro que mora aqui em Cingapura para um jantar em sua casa. O Pedro é filho de uma amiga de minha tia, e me deu muitas dicas boas antes de eu vir para cá. Eu ainda não o conhecia pessoalmente, mas lá fui eu para o jantar – que acabou sendo uma noite bacana junto de vários brasileiros que moram por aqui. Eram cerca de 5 casais no jantar, além do Pedro e sua mulher, e também sua mãe e cunhada que estavam visitando ambos aqui na ilha.

Foi interessante poder entrar em contato com a realidade da colônia de expatriados e emigrantes tupiniqiuns neste país longínquo. Em geral, notei que uma das partes dos casais que conheci tinha se mudado para Cingapura, e a namorada ou namorado (ou marido ou esposa) tinham se mudado em seguida, para tentar a vida por aqui. Pessoas muito interessantes e com quem conversei bastante a respeito das diferenças entre nossas terras, dos prazeres e desgostos de se morar longe de casa, mas passando por uma experiência tão incrível. O fato é que todos estão muito felizes aqui, adaptaram-se facilmente e foram calorosamente recebidos pelo novo país e seus cidadãos. Até hoje, não conheci sequer um estrangeiro, de qualquer nacionalidade, que estivesse infeliz por aqui. Todos acabam vindo para um período curto, e estendem sua estadia para aproveitar ainda mais os prazeres da vida em Cingapura.

O jantar foi árabe, com direito a pães sírios, quibes, arroz com amêndoas, homus... acho que por causa da ascendência do Pedro – o anfitrião, que tem um sobrenome árabe. A casa dele fica no norte da ilha – tomei um metrô e após uma horinha lá estava eu, a poucos metros da fronteira com a Malásia J. Cruzei o país de sul ao norte nestes 60 minutos – incrível.

Entre as coincidências da noite, conheci um casal que tinha conexões comigo. Ele era amigo de infância de um outro amigo meu brasileiro que está morando aqui também (mas não estava no jantar), e com quem sai na semana anterior. Ela estudou na sala da minha irmã e meu cunhado no Mackenzie – formada em arquitetura. Inclusive, já foi à minha casa em São Paulo em alguma festa ou jantar organizado pela minha irmã. É... realmente o mundo é muito pequeno – ou melhor, a renda é altamente concentrada.

É muito bacana ter contato com a comunidade brasileira quando se está longe – para quem passa muito tempo afastado, é até mesmo necessário para acalmar a saudade. Mas também é muito importante haver um balanço entre as amizades para que você possa ter contato com a realidade local, como estou conseguindo fazer com meus amigos do trabalho. Acho que estou achando um balanço interessante J.

sábado, 25 de julho de 2009

Teatro em Cingapura

Na semana passada aceitei o convite de uma amiga canadense que mora por aqui e fui com ela ao teatro. Foi um programa bem bacana – éramos cerca de oito estrangeiros de diferentes nacionalidades (Brasil, Canadá, Índia, Argentina, Reino Unido, Estados Unidos e Alemanha), de idades variadas – uma das senhoras do grupo morava em Cingapura já havia 16 anos, enquanto eu era o caçula do grupo com apenas 10 dias de país.

A peça fazia parte de um festival super interessante chamado ‘Sweet & Short’, com a proposta de reunir dez atuações rápidas, com esquetes de apenas 10 minutos cada. A idéia do festival era simples: o público enviava textos e propostas de peças, que um comitê avaliava e julgava. Os textos selecionados eram então apresentados por atores e atrizes amadores, dirigidos por diretores também amadores. Ou seja, poucos lá eram artistas de verdade – faziam isto como um passatempom em muitos casos.

Naquele dia, estava acontecendo a final do festival, apenas com as peças mais bem cotadas de toda a temporada que já vinha rolando havia algumas semanas. Foram dez esquetes muito interessantes – 8 em inglês e 2 em Mandarim (com legendas em inglês). Os atores, temas e tons mudavam a cada apresentação – havia desde humor escrachado, passando por um quase-musical e chegando a um drama bem forte sobre a ocupação japonesa de Cingapura, durante a Segunda Guerra Mundial. Chocante.

Achei a experiência de ir ao teatro muito interessante, apesar do preço salgado de R$50 pelo bilhete. Acho que em Sampa, uma peça de amadores não chegaria a custar tanto – mas valeu muito a pena. Ir ao teatro é o tipo da atividade que faz com que eu me sinta em casa – habitante de um local. Foi assim também em minhas primeiras semanas em Caracas, quando eu fui a um teatro em frente ao hotel em que morava para ver duas peças.

É uma atividade que eu recomendo a qualquer turista que queira sentir a cultura local quando estiver passando por um certo destino. Você conhece a população da cidade, entende melhor como é a relação dela com a cultura e também se assiste aproveita para se entreter!

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Tirando a Temperatura em Cingapura

No dia em que eu achei que estava com febre, e temi que fosse a tal da suína que está tão em vogue, resolvi ir a uma farmácia medir minha temperatura. Pedi à moça no balcão se ela poderia medir minha temperatura, e inclusive fiz uma mímica colocando a mão debaixo do braço para melhor explicar a ela (nem todo mundo fala inglês com uma fluência incrível aqui – mas isto é assunto para outro post). Ela foi a uma salinha atrás do balcão e voltou com uma caixinha. Abriu-a e de lá sai uma engenhoca no formato de um mini-revolvinho. A moça pediu que eu me aproximasse, e enfiou o tal objeto na minha orelha. Apertou um botãozinho e em menos de dois segundos lá estava o resultado: 34.4 graus. É óbvio que eu achei que havia algo de errado, né? Como eu poderia estar com 34.4 graus? Aí, eu pedi a ela que testasse de novo, mas desta vez eu enfiei a geringonça dentro do meu ouvido (como um cotonete quase) e ela novamente apertou o botãozinho. Lá estava minha temperatura real: 36.7 graus – agora mais razoável.

Peguei um taxi para casa, mas não estava convencido de que aquela maquininha funcionasse. Eu me sentia tão pesado, cansado... só podia ser febre. Ao chegar em meu quarto, liguei na recepção e pedi a eles que trouxessem um termômetro para eu medir minha temperatura. Desta vez, minha esperança era que eles traria aquele bom e velho conhecido que eu enfio debaixo do braço e depois de três minutinhos e três suaves apitinhos, lá está minha temperatura. E qual não foi minha surpresa ao abrir a porta e deparar-me com um indiano com uma engenhocazinha bastante similar àquela da farmácia em suas mãos? Ele veio com o termômetro em minha direção, como que para me ajudar, e encostou-o em minha testa. Apertou um botãozinho e mediu a temperatura, que estava por volta dos 36 graus... novamente incrédulo quanto à efetividade daquele termômetro, resolvi eu mesmo tomá-lo, enfiar dentro de meu ouvido e apertar o botãozinho: lá estava: 36.6 graus.

Resultado, eu não estava com febre nenhuma, era só cansaço e jet-lag mesmo – e me convenci de que, por mais incrível que pareça, aquilo funciona mesmo e mostra a sua temperatura em menos de 1 segundo (é o tempo de apertar o botão). Sensacional! Estou seriamente pensando em levar um destes pro Brasil – adoro estas novidades que eu só imaginei que fossem ser criadas num futuro MUITO distante (na verdade, acho que eu nunca tinha pensado que um termômetro assim seria tão imprescindível).

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Cingapura - 11 horas no futuro

Ao planejar minha viagem a Cingapura, tive uma idéia que pareceu-me genial à época: quebrar a jornada em duas partes, para que eu pudesse me acostumar com o fuso pouco a pouco. Desta forma, parti numa terça-feira à noite para Madrid, onde permaneci por 5 dias na casa de um grande amigo meu. A diferença já era de cinco horas a mais, mas eu encarei numa boa e não me sentia cansado. Pudera – eu estava passeando, conhecendo lugares novos... enfim, turisteando. Ao pegar meu avião para Cingapura, no domingo à tarde, parti para uma nova jornada de mais 16 horas de vôo e adicionei novas 6 horas ao meu fuso. Na somatória, são 11 horas de diferença entre o horário daqui e de Sampa... estou vivendo no futuro!

Cheguei aqui na segunda-feira à noite, e já na terça-feira pela manhã lá estava eu no trabalho – animado e empenhado em começar a trabalhar pra valer. Tive um primeiro dia incrível, conheci várias pessoas e já fui convidado para jantar fora – o que prontamente aceitei (fui comer crabs). Na quarta-feira, já um pouco cansado mas ainda empenhado, continuei com minhas tarefas e novamente sai à noite, para rever um amigo mexicano que mora aqui e que eu não via havia 5 anos e meio. Cheguei em casa já mais cansado nesta noite.

Na quinta-feira, comecei a sentir os efeitos do chamado jet-lag (quando você viaja de avião e muda o seu fuso). Sem saber ao certo o porquê, me sentia tonto às vezes (como que flutuando sobre o chão) e já bastante cansado. Na reunião que fiz com alguns clientes naquele dia, já me sentia um pouco zonzo, mas ainda assim conseguia trabalhar. Neste dia, fui do trabalho direto para casa dormir, e tomei um bom e relaxante banho de banheira.

Na sexta-feira, com uma dificuldade tremenda para acordar, não consegui caminhar até o metrô e decidi pegar um taxi para o trabalho. Passei algumas horas da manhã tentando focar-me no trabalho, mas parecia que eu ficava cada vez pior. Tonturas, cabeça e corpo pesados... achei que eu estivesse gripado, e tive ainda mais medo de pensar que poderia ser gripe suína (afinal, tinha passado por cinco aviões e cinco aeroportos naquela semana). Para completar meu estado de saúde, eu ainda tinha sofrido um piriri por causa da comida e da minha total falta de cerimônia para provar novos sabores.

Nesta sexta-feira, fui para meu flat antes mesmo do almoço e às 14h já estava chapado num sono profundo. Dormi até a meia-noite, quando acordei e permaneci desperto por cerca de quatro horas, até capotar novamente até as 14:30 do sábado. Nas 42 horas passadas entre quinta-feira à noite e sábado à tarde, dormi um total de 32 horas.

Acordei apenas porque o pessoal do flat entrou em meu apê para saber se estava tudo bem, pois a moça da limpeza notou que eu estava internado em meu quarto desde o dia anterior. Ainda assim, este primeiro fim de semana foi bastante tranquilo, sem grandes programações e atividades. No sábado, aproveitei para lavar roupas, ir ao supermercado e dar uma nova volta de reconhecimento pelo bairro. Domingo foi reservado para caminhar pelas redondezas e visitar alguns pontos turísticos e muito bonitos da cidade – ou seja, um fim de semana de retiro e bastante suave para a adaptação.

Em suma – eu que me julgava muito esperto e inerte à esta mudança de fuso horário, fui completamente tomado pelos efeitos do jet-leg. Li sobre ele na internet e soube que ele é mesmo mais forte quando você voa sentido leste... não sei exatamente qual o motivo. Mas lembrei-me de quando, em 1997, viajei à Indonésia e sofri dos mesmos efeitos, com o agravante que lá eu era acordado de madrugada com as rezas em volume altíssimo das mesquitas espalhadas pela cidade.

Agora já estou bem mais acostumado ao fuso, apesar de o cansaço persistir por causa do fluxo intenso de novas informações a que estou me acostumando – trabalho novo, pessoas novas, casa nova, tarefas novas, caminhos novos... tudo muito intenso, mas muito gratificante J.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Projeto Cingapura – Foi Maluf que fez? Não, ele copiou!

Meus caros, muitos de vocês se assustaram quando eu disse que estava de mudança para uma temporada em Cingapura, não foi? Imaginaram que eu passaria por uma experiência etnográfica convivendo com uma das muitas comunidades que habitam os predinhos de quatro andares espalhados pelas zonas menos favorecidas de São Paulo, escondendo as favelinhas que permaneceram atrás destas famosas construções da era Maluf.

Pois bem, eu estava de mudança para o país que inspirou este projeto aí em Sampa – mas só notei isto ao chegar aqui e trafegar um pouco pela cidade. Me deparei com um sem-número de edifícils que seguem um padrão bastante similar, de variadas cores e tamanhos, mas muito uniformes e cheios de janelinhas – como se fossem caixas de sapato convertidas em apartamentos. Coisa de engenheiro civil.

Finalmente, caiu a minha ficha: por isto é que o Projeto Cingapura chama-se assim! Fiquei em estado de êxtase e espalhei a notícia pelos quatro cantos para meus novos amigos locais – explicando que um prefeito de São Paulo tinha criado moradia para a população de baixa renda que vivia nas favelas. Perguntei até se os edifícios daqui, que têm muito mais andares (as vezes 20 ou 30) tinham elevador – e a resposta foi óbvia! Claro que sim.

Só depois é que fui me dar conta que os HDBs (Housing & Development Board), como são chamados os edifícios públicos construidos pelo governo para que a população os habite, são moradia de boa parte dos Googlers e de qualquer pessoa mais comum que viva por aqui. Não são destinados à baixa renda, até porque acho que não há baixa-renda aqui neste país fantasia. Mas ao mesmo tempo, são muito mais baratos do que um apartamento em um dos ‘condos’ que há por aqui – que oferecem outras facilidades como estacionamento, piscina e etc... O setor imobiliário aqui em Cingapura é bastante promissor, e comprar seu imóvel prório é muito caro – por isto muitas pessoas optam pelos HDBs, já que são subsidiados pelo governo.

Olhando melhor para os inúmeros edifícios públicos espalhados por todas as zonas da cidade, notei até mesmo uma certa graciosidade em vários deles. Claro, há alguns que parecem pombais, mas outros me lembraram muito os predinhos padrão de Brasília – uniformes e geometricamente posicionados. Alguns têm até mesmo comércio no térreo e zonas de recreação para os moradores.

Uma solução funcional e acessível para que todos neste país possam ter uma moradia decente, como poderia acontecer também em nossa cidade.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Fazendo negócios na Ásia – Parte 2 – Formalidade e Polidez

Outro aspecto interessante das interações de negócios aqui em Cingapura é a formalidade que marca os relacionamentos. Isto está presente desde a forma como você se veste até a educação com que se trata um parceiro de negócios.

No Brasil, estou acostumado a fazer reuniões de trabalho com clientes meus usando camiseta ou mesmo tênis às vezes (trabalho no Google, pessoal – é assim mesmo). Aqui, mesmo trabalhando numa empresa ‘muderninha’ eu tenho usado sapato, calça e camisa social para qualquer interação de negócios.

Além disto, raramente você terá reações fortes ou questionamentos agressivos por parte do cliente ou parceiro de negócios. As pessoas são bastante cautelosas ao fazer um comentário para que ele não soe ofensivo ou informal. Ou seja, há certas práticas para se quebrar o gelo, mas nada de dar tapinhas nas costas, beijinhos na bochecha ou contar sobre a sua vida pessoal de forma muito aberta.

Mas claro que em toda regra há exceções, e uma muito engraçada tem acontecido desde a semana passada. Um dos meus colegas foi a uma reunião de negócios para fechar uma nova conta com um hotel boutique aqui de Cingapura. Não costumamos passar nosso celular para clientes, mas numa das visitas à empresa, o Chandra (meu colega) telefonou para a cliente debaixo do edifício para confirmar o número da torre, ou o andar... e ela gravou seu celular. Resultado – ele tem recebido ligações constantes da senhorita, com pretextos bastante ilógicos para que eles discutam sobre a performance da conta, ou qualquer outro detalhe irrelevante... e o melhor, ela faz o convite e sugere que eles discutam isto tomando um drinque... hahahahaha, acho muito engraçado, mas todos aqui dizem que isto é realmente anormal e nunca tinham visto algo assim.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Fazendo Negócios na Ásia - Parte I - Trocando cartões

A forma de se fazer negócios aqui do outro lado do mundo é bastante similar ao Brasil – claro, estamos em Cingapura, um centro asiático já bastante ocidentalizado. Entretanto, algumas diferentes muito interessantes chamaram a minha atenção.

Em apenas duas semanas trabalhando aqui, tive a oportunidade de visitar duas empresas para fazer reuniões com potenciais clientes do Google AdWords, além de receber dois representantes de uma agência parceira nossa da Malásia e também participar de um evento voltado ao segmento imobiliário da região da Ásia-Pacífico num hotel daqui. Sempre acompanhado de outros Googlers – o meu gerente – também João (português), a Pearl – uma chinesa que é a vendedora da equipe - e a Joann, outra gerente do time.

Logo em meu terceiro dia, fui com o meu gerente João a uma reunião com uma empresa de headhunting. Eram oito representantes do Comitê Executivo da Empresa, entre locais e britânicos. Um pessoal mais formal, old-school e com pouco conhecimento sobre o Google e suas soluções – mas muito interessados e simpáticos. Aqui em Cingapura, como em outros países da Ásia, a troca de cartões de visitas é um ritual todo especial. Ao entregá-los, você não deve simplesmente jogá-los em cima da mesa, ou entregar de qualquer jeito na mão da outra pessoa. Ao mesmo tempo, você não deve receber o cartão e guardá-lo no bolso da camisa sem dar muita atenção. Vou descrever os passos abaixo:

1) 1) Você retira um cartão pessoal

2) 2) Vira ele para a pessoa que vai recebê-lo

3) 3) Com as duas mãos segurando-no, você entrega o cartão à outra pessoa

4) 4) A ação anterior pode ser acompanhada de uma leve inclinação para a frente, como que num gesto de referência e consideração pelo outro.

5) 5) Ao receber o cartão, você não deve olhar para quem lhe entrega – mas para o cartão em si.

6) 6) Você deve gastar alguns segundos para ler o nome e o cargo da pessoa que lhe entrega o cartão.

7) 7) Eventualmente, algum comentário é feito a respeito do seu nome (especialmente no meu caso).

Simples, né? Agora, imagine receber e entregar cartões ao mesmo tempo? É toda uma mecânica. E vamos mais adiante – imagine eu, na reunião com oito executivos, cumprindo este ritual com cada um deles individualmente. Pirante!

Já no outro evento para executivos do ramo imobiliário, que reuniu cerca de 100 participantes, fomos eu, o João e a Pearl fazer um networking e recolher cartõezinhos de diversos potencias clientes – já era minha quarta interação de negócios e eu já estava craque na troca de cartões!

Mas no fim eu acho este ritual genial, sabe? Porque daí você olha direitinho e vê qual é o nome da pessoa, pra poder gravá-lo. Ah, e claro – você já vê o cargo da pessoa e não fica curioso para saber as funções de quem está na reunião. Estou pensando em adotar a prática quando voltar ao Brasil, ou será que por aí não é muito educado ficar lendo o cartãozinho assim que você o recebe?

terça-feira, 14 de julho de 2009

Cingapura - A comida

Capital gastronômica da Ásia. É este um dos títulos que Cingapura esta buscando conquistar, e por isto mais e mais restaurantes de diversas cozinhas têm se instalado aqui.

Entretanto, a influência oriental é predominante na cidade, e por todos os cantos é possível ver restaurantes chineses, tailandeses, indonésios, vietnamitas, malaios... eles também têm um prato nacional: caranguejo (ainda que estes sejam catados no Sri Lanka e importados para cá).

Na primeira noite em que eu estava aqui, fui convidado pela Deb, uma companheira de trabalho, para ir ao Jumbo Seafood - um dos restaurantes mais conhecidos pela cozinha local e por servir caranguejos de todos os tipos. Comi Chili Crab e Black Pepper Crabs - que nada mais são do que caranguejos imensos (sim, bem maiores que aqueles que costumamos comer no Nordeste) cheios de condimentos - muitas vezes apimentados. Garfo e faca? Esquece! Colher e hachi? Estão lá, mas mais atrapalham do que ajudam... você come com as mãos mesmo, e se lambuza inteirinho! O rosto, as mãos, e às vezes até os pulsos! Mas como os caranguejos são maiores, você consegue comer mais carne (eu sempre tenho a sensação de que poderia ter comido mais quando eu vou a caranguejadas na Bahia). É uma delícia.

Hoje, com uma semana de Cingapura, voltamos a um restaurante de caranguejos e eu provei uma nova variedade: Butter Crabs, também muito saboroso. Fomos num grupo de 13 pessoas do Google, das mais variadas nacionalidades: filipinos, tailandeses, chineses, australianos, coreanos, ingleses e americanos... e eu representando os latinos :D

Aqui no escritório, o pessoal costuma comer fora (não há restaurante no Google, como em São Paulo). No primeiro dia, todos juntos fomos comer num restaurante tai que tem no térreo do prédio. Comi Chicken Curry: frango grelhado, arroz e um ovo frito. Mas não se pareciam em nada com a comida daí - apesar de não parecer grande coisa. Os temperos, condimentos, a apresentação do prato... tudo isto faz diferença na hora de comer... parece que é algo totalmente novo. Ah, e tem o fato de eles não usarem facas aqui, nem mesmo para comer frango ou carne... é tudo com colher e hachi - se muito, com colher e garfo. Você acaba colocando a comida na boca para cortar com os dentes, e usa a colher embaixo apoiar o resto.

Como em minha equipe há gente de vários países do Sudeste Asiático, pedi a eles que me levem a restaurantes típicos de suas terras. E o primeiro a me levar foi o Duang, um coreano muito gente fina que senta-se ao meu lado. Ele me levou comer Pho Bo e tomar cafe sua da (um café gelado). No dia seguinte, a Melina e o Isaac, que são Cingapurianos me levaram a um Hawker Center (ou seja, um aglomerado de restaurantes que vendem almoço por preços irrisórios) e compramos Chicken Rice tapao (tapao significa 'pra viagem' - ou seja, compramos fora e trazemos para comer no escritório). Chicken Rice, que nada mais é do que arroz com frango, é um dos pratos mais comuns aqui. O tempero que eles usam deixa delicioso tanto o frango como o arroz, que devoramos com hachi e colher.

No fim de semana, também fui comer em Chinatown e provei Laksa (um noodle cozinhado no caldo de coco) e springrolls (que em nada se parecem com aqueles do Lig Lig ou China In Box). Deliciosos. Também comi Tilapia e outros animais do mar, bem apetitosos. Hoje no almoço eu comi pato à moda de Hong Kong, que nada mais é do que pato com um molho curry e macarrão.

Enfim, a comida - como vocês podem ver - é um dos grandes choques da experiência. As porções são pequenas, mas por alguma razão eu sempre estou satisfeito ao fim da refeição. Acho que é porque eu fico cansado de comer... vocês acham que é fácil usar hachi na mão direita, a colher na mão esquerda, cortar a comida com os dentes e ainda ter que usar as mãos quando muitas vezes o prato ainda está quente? Dá trabalho, eu me babo inteiro... por isto, depois de 4 dias de Cingapura, tomei a decisão de fazer a barba (eu estava com uma barba de uns dois meses quase...). Fiz isto porque eu me babava na barba, no bigode, e a situação ficava nojenta... agora me sinto mais limpinho durante e após as refeições!

Esperem mais posts sobre comida :)

Cingapura - Primeiras impressões

Chegar novamente na Ásia, depois de 12 anos, foi ao mesmo tempo mágico e excitante... apesar de uma certa familiaridade com a região, me surpreendi novamente com algumas descobertas bobas:

Primeiramente, ao pegar o taxi no aeroporto para vir para casa, quase me sentei no banco do motorista. Sim! Aqui eles dirigem com mão inglesa, então mesmo no banco do passageiro, eu tenho a impressão de estar dirigindo o carro.

O clima é quente e úmido, mas não tanto como eu esperava. Lembro-me de ter passado MUITO calor em Jakarta quando lá estive em julho de 1997. Aqui eu passo calor, mas não me incomoda.

A cidade é limpa e organizada, mas não chega a ser uma Suíça (ou seja, existe sim um pouco de agito e multidão - é uma cidade cosmopolita). Na primeira noite em que sai para dar uma volta pela região do meu flat, me senti na Disneyland... há inúmeros restaurantes, luminosos e atraentes, cheios de turistas. Ficam todos à beira do rio numa região turística chamada Clarke Quay (onde eu moro).

Logo no dia seguinte, lá estava eu no escritório do Google Cingapura - que fica no 38o andar de uma torre imensa e redonda, com uma vista incrível da marina de Cingapura. As pessoas não poderiam ser mais simpáticas e acolhedoras! Falantes e muito interessadas em saber mais sobre mim, sobre meu país, meu time, etc... mais detalhes num post em separado ok?

Ao contrário do que eu pensava, Cingapura ainda tem uma influência oriental muito forte. Eu pensava que aqui haveria muito mais ocidentais vivendo (como eu acho que deve ser em Dubai, por exemplo). Mas a realidade é que existe uma grande presença da cultura chinesa aqui - os Cingapurenses falam inglês com um sotaque bastante pesado e às vezes difícil de entender. E a comida também tem uma forte influência asiática - eles comem com hachi e colher geralmente. Apenas em restaurantes ocidentais a refeição é servida com garfo e faca.

Tenho alguns amigos que vivem aqui há alguns anos, e que também foram vitais para uma boa adaptação nesta primeira semana, e o que eles disseram foi justamente que Cingapura é um 'soft landing into Asia'... ou seja, você sente que está na Ásia, mas não chega a ser tão chocante como se eu estivesse em outro país menos influenciado pelo ocidente.

Enfim, no balanço de uma semana posso dizer que estou muito feliz com a cidade e com o povo daqui. A sensação de segurança é constante, e não me preocupo se vão roubar minha carteira no aperto do metrô, ou enquanto eu almoço em um restaurante. As pessoas também têm sido vitais para que eu me acostume.

A todo instante, eu tenho algo para compartilhar com vocês... vou começar a fazer isto com mais freqüência e em posts menores e mais específicos!

Abraços!


A ida - passadinha na Europa

Como não há vôos diretos entre São Paulo e Cingapura, e a Europa fica no meio do caminho, eu tirei uns dias livres a que tinha direito para visitar um grande amigo meu que está morando em Madrid...

Foram poucos dias com o Renato e a Luciane (namorada dele), mas suficientes para matar um pouco da saudade, conhecer lugares novos e aproveitar bastante. Nos dois primeiros dias, a Luciane foi minha guia por Madrid... me levou conhecer lugares lindos como o Palacio Real, a Catedral de la Almudena, a Plaza Mayor, o mercado central, a Puerta del Sol, o ursinho que é símbolo de Madrid, as Lojas de Departamentos em rebajas (Zara, H&M, Corte del Inglés), a Gran Via... impressionantes! Também adorei passear pelas ruelas do bairro boêmio, Chueca - e pelos campos verdes do Parque del Retiro... logo ali, pertinho de dois lindos museus: Reina Sofia (um prédio incrível e que tem a famosa pintura do Picasso: Guernica) e Museo del Prado.

Enquanto meu amigo Renato fazia suas provas no MBA, a sua namorada Lu teve uma entrevista final de trabalho e... foi contratada :D saímos para comemorar com uma jarra de sangria e alguns pintchos (um petisco que nada mais é do que pão torrado com especiarias diversas em cima). Fora isto, não podia deixar de comer uma paella... que foi o almoço de um dos dias que passei por lá.

Madrid também foi ótimo para reencontrar a Poly, uma antiga amiga minha de Londrina que mudou-se para Madrid há pouco mais de 3 anos e parece que não volta tão cedo. Conheci o seu namorado, Nick e tomamos os três um café nevado no Juan Valdez (rede colombiana - super recomendada por mim!).

Ah, e não posso me esquecer das festas! Coincidentemente naqueles dias estava rolando a Gay Pride Parade na cidade - e é a única semana no ano inteiro em que é permitido beber nas ruas. Por isto, à noite rolavam festivais e uma multidão de espanhois e turistas amontoados pelas ruas de antigas construções... um barato!

Nestes poucos dias de Europa, dei ainda uma passadinha no Porto, em Portugal. Nunca tinha ido a outro país em que eu pudesse falar meu idioma e ser compreendido - foi certamente uma experiência incrível. Amei Portugal. Chegamos no aeroporto bem cedinho e alugamos um carro, para irmos diretamente a Guimarães - a primeira cidade do país (onde nasceu Portugal). Uma cidadezinha medieval encantadora, que guarda um castelo num de seus picos. Certamente vale a viagem para passar uma tarde lá, até porque fica a poucos quilômetros do Porto.

Seguimos para o norte e almoçamos em Ponte de Lima, onde provamos as delícias (...) da região do Minho: rojões e tripas. Devo confessar que não foi assim tão saboroso... mas os bolinhos de bacalhau do couvert serviram para nos alimentar bem :)

À noite, nos hospedamos em uma pensão ótima ao lado da Praça dos Aliados, no centro da cidade... e demos mais uma volta ao entardecer para conhecer a região. Impressionantemente linda a cidade - superou todas as minhas expectativas. O Porto está às margens do Rio Douro, chegando no mar, e é cheia de casebres coloridos amontoados entre si - uma visão que nos remete a um Pelourinho mais sofisticado e com ares europeus. Cruzamos a imponente ponte a pé e jantamos numa presuntaria em Vila Nova de Gaia, que tem uma vista linda do Porto. O jantar compensou o almoço, já que provamos diversos tipos de frios e queijos - saboroso.

À noite, é incrível ver o movimento de pessoas na rua... diferente de São Paulo, em que saímos para nos encontrar em restaurantes, bares ou shoppings, as pessoas aqui saem para um footing na praça... caminhar ao ar livre, despreocupadamente - há exposições na rua e as pessoas se acumulam ao redor de bares e restaurantes, nas calçadas. O verão na Europa (sim, Portugal ainda é Europa) é delicioso.

No segundo dia, fizemos um passeio a pé pelo centro do Porto. Feito pela simpaticíssima guia Tânia da eco-tours, passamos por diversos pontos interessantíssimos da cidade que é um charme. Inclusive vimos uma estátua do Dom Pedro I, que em Portugal é conhecido como Dom Pedro IV (pois houve 3 outros D. Pedros antes dele por lá). Foi engraçado, pois o Re e a Lu olhavam para a estátua do Dom Pedro IV e diziam: "Puxa, é tão parecido com o Dom Pedro I... deve ser um bisneto ou sobrinho, né?". No fim era o próprio!

O tour finalizou numa cave em que se comercializa Vinho do Porto, com direito a uma explicação super detalhada sobre o início da fabricação deste vinho, o modo de produção e armazenamento, etc... a Cave que visitamos era a Ramos Pinto - adorei! Ah, e sabiam que o Vinho do Porto na realidade é produzido não no Porto, mas sim na região do Douro (mais ou nordeste de Portugal)? Eu não sabia... o Porto apenas leva a fama por ser responsável por comercializar o tal vinho - que por sinal é uma variação de vinho branco que é uma delícia!

Meus dias no Porto finalizaram com um almoço típico - com direito a bacalhau e francesinha num restaurante simpático às marges do Douro, na ribeira. E antes de ir ao aeroporto, ainda deu tempo de dar uma passadinha para conhecer a Casa da Música, casa de shows de arquitetura moderna.

Depois de tantas aventuras em apenas 5 dias, já era novamente hora de entrar no avião - para seguir ainda mais distante. Cingapura, aí vou eu!