quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Um país familiar no Sudeste Asiático

Olhando o mapa do Sudeste Asiático e seus vários países, é peculiar notar que apesar da proximidade destes países – há uma grande diferença cultural entre eles. Isto é refletido no idioma que falam, no sistema educacional que utilizam e nas distinna religião que praticam nestas sociedades. Assim, temos países muçulmanos como a Indonésia e a Malásia, budistas como a Tailândia e também católicos como as Filipinas.

E foi depois de ir a Macau e ver a influência portuguêsa incrustada na China, que chegou a vez de eu ir conhecer outro local que guarda muito da sua colonização europeia. As Filipinas têm este nome em homenagem ao Rei Filipe da Espanha, que mesmo tendo colonizado o país, jamais instituiu o idioma espanhol como a língua oficial do arquipélago. Ainda assim, foi a religião católica que unificou as mais de 7 mil ilhas do país e fez com que os filipinos tornassem-se um dos poucos povos católicos do oriente. O espanhol não foi ensinado pois conhecer o idioma significava poder, e era mais fácil manter o controle dos locais se eles não entendessem o que seus colonizadores dissessem, certo? Fora isto, a inexistência de ouro fez com que os espanhois voltassem suas atenções para a América Latina e deixasse de lado esta colônia tão distante, quase no fim do mundo mesmo (afinal, nem mesmo sabia-se se a Terra era redonda à época).

Apesar de o espanhol não ser o idioma oficial, é interessante ver que algumas palavras foram absorvidas pelo Tagalog, o dialeto local falado no norte do país (onde está a capital). Por exemplo, os dias da semana são ‘sábado’, ‘domingo’, ‘lunes’, etc... igualzinho ao espanhol. As horas também são dias em espanhol, por exemplo: ‘nos encontramos à las ocho’. Palavrinhas como ‘pero’, ‘cubiertos’, ‘arroz’, ‘lechon’ e outras também são utilizadas comumente pelo povo local, sem mesmo que eles saibam que as origens destas palavras é o espanhol.

E assim, por centenas de anos a Espanha dominou as Filipinas, até que em 1898 o país fez uma revolução e foi libertado. Entretanto, o plano não deu tão certo – pois o poder passou das mãos da Espanha diretamente para os EUA, como que numa troca de tutores. E assim, após passar pela catequisação espanhola, as Filipinas tiveram seu sistema educacional implementado pelos EUA, que vieram ensinar seu idioma e hábitos ao povo local. O domínio norte-americano durou até a segunda guerra mundial, após a qual as Filipinas tornou-se enfim um estado autônomo e com uma história bastante peculiar – afinal foram séculos de dominação espanhola e décadas de dominação norte-americana. O interessante disto é que hoje 90% dos filipinos falam inglês com um sotaque bastante americanizado, o que torna o país o terceiro maior estado de idioma inglês no mundo e tem chamado a atenção do mundo para os Call Centers que estão se instalando lá. Não por acaso o Google tem também seu Call Center para o Sudeste Asiático instalado no país.

Hoje, o país sofre com um governo nem sempre eficiente, e tem vários pontos a serem desenvolvidos na política, educação e outras esferas da sociedade. Estive lá uma semana após a morte de Corazon Aquino, mártir do fim da ditadura de Marcos (lembram-se da Imelda Marcos, dos milhares de pares de sapatos? Era esposa do ditador) e que presidiu o país entre 1986 e 1992. A filipina de pulso firme era viúva de um exilado política contrário ao ditador, e foi após a morte de seu marido que ela ganhou força do povo para que a ditadura fosse interrompida. Uma história que vale a pena conhecer e que rendeu a ela a segunda capa exclusivamente feminina de uma Revista Time (a primeira foi a Rainha Elizabeth em 1952).

Recomendo as Filipinas e a sua história incrivelmente similar à história de nosso continente latino – um país de belezas naturais, de povo hospitaleiro e com uma cultura instigante.

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