sexta-feira, 31 de julho de 2009

Singlês - o inglês cingapuriano

O inglês de Cingapura, também conhecido como Singlish, é uma mistura do inglês com um sotaque forte chinês. Ao chegar no país, me espantei com este jeito peculiar e carregado de quase todo mundo com quem interajo – taxistas, balconistas, garçons e etc... apesar de todos falarem um inglês estruturalmente correto, o sotaque é tão forte que às vezes tenho a sensação de que eles estão mesmo falando chinês comigo.

Mesmo no escritório, em que o time é tão diverso e traz pessoas de diversos países da região como Malásia, Vietnam, Filipinas, Índia, Tailândia e Indonésia, notei que aqueles que são originalmente de Cingapura geralmente têm um sotaque mais forte, similar ao dos chineses.

Por isto, às vezes eu simplifico meu falar para que algumas pessoas me entendam mais facilmente pelas ruas de Cingapura – solto um ‘ténkiu’ ao invés de ‘thanks’. :P

O Singlish também absorve alguns cacoetes e palavras chinesas. Por exemplo, quando vamos a um Hocker Center comprar comida para consumir no escritório ou em casa, pedimos ‘Chicken Rice’ tappao. Este termo designa ‘para viagem’, e é exatamente a tradução para o chinês. Adorei – é minha segunda palavra em chinês (a primeira é Ni Hao – tudo bem). Ah, e tem outra coisa bem engraçada que eu sempre vejo uma colega minha que é local de Cingapura usar: ‘lah’. É um sufixo usado em ‘qualquer situação’ para significar ‘nada’! Ou seja, você pode ouvir um ‘Let’s go to a restaurant-lah’, que significa exatamente: ‘Let’s go to a restaurant’. Ou você pode ainda ouvir um ‘How was your day-lah?’, que é nada mais nada mesmo do que uma pergunta sobre como foi o seu dia? O ‘lah’ não agrega nada à frase, mas traz uma certa graciosidade, não? Eu posso até falar que já sei falar Singlish se eu começar a adicionar lah no fim das minhas palavras ou frases .

Tem também o jeito de falar ‘sim’ e ‘não’ aqui: sim = ‘can’ e não = ‘can not’. Simples assim!! Ou seja, eu posso perguntar: ‘Do you wanna go out for dinner?’ e a resposta será ‘Can!’. Ou eu posso dizer: ‘Você sabe onde está o fulano? ‘, e a resposta pode ser ‘Can not’.

Finalmente, descobri um outro termo bem engraçado do Singlish. É uma tradução ao pé da letra de um termo chinês, ‘YU SI MI NO UP’. Se eu falo isto pra alguém, quero dizer que ele está com vergonha de mim, que ele sabe que fez algo errado... imagina uma mãe falando pro filho que fez arte: YU SI MI NO UP! Agora vamos traduzir exatamente: ‘You See Me No Up’ – ou seja, você não me olha nos olhos, você está com vergonha de mim porque sabe da merda que fez... adorei este termo!!! Vou usar assim que tiver uma oportunidade (tudo bem, é meio duro... quem sabe não terei esta oportunidade, heheheh, então vou usar de zoeira).

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Minha casa em Cingapura

Um post para matar a curiosadade de muitos. Estou morando em um flat muito bonito, confortável e bem localizado aqui na cidade.

Chama-se ‘Somerset Liang Court’, e fica exatamente ao lado do Novotel (dividimos a piscina com ele), numa região chamada Clarke Quay e conhecida por ser freqüentada majoritariamente por gringos turisteantes.

Entre as facilidades do flat, tenho sauna, piscina, academia (pergunta se deu tempo de usar qualquer um dos três... confesso, fui uma vez em cada um deles, só pra constar), e ainda conto com serviço de quarto diário (ou seja, não faço minha cama nem lavo louça... poderiam passar minhas roupas que eu não ía reclamar, mas esta tarefa infelizmente eu é que tenho de fazer). Ah, tem também um café da manhã lá embaixo que é o mesmo menu todos os dias... café da manhã continental, sabe? Com ovos mexidos e salsichas. Foi ótimo dos primeiros quatro dias, mas agora eu estou deixando passar e como em casa mesmo meu pão, leite, cereal... ou dependendo do atraso, tomo um café da manhã no Google, que aqui oferece Yakult pra gente (to viciado - será que vai me fazer mal tomar uns 2 por dia? Tem aquela lenda, né...? Ou será que é invenção de mãe...?).

Voltando ao apartamento, ele fica no 17º andar e tem uma vista de outros edifícios comerciais ao lado, nada muito lindo. São dois quartos, um deles com banheiro dentro (o meu) e com cama de casal (que eu uso sozinho), além da sala de TV com sofás, a sala de jantar e uma cozinha estilo americana – totalmente equipada. Tem inclusive um item que é um sonho de consumo meu, aquela máquina que lava e seca alternadamente (sem você precisar tirar de uma e colocar na outra - é dois em um). Tudo muito bem decorado, de forma clean e de bom gosto. Claramente, o ar condicionado é item imprescindível -apesar de eu detestar como ele deixa o ar seco e mais frio do que eu gostaria...

Descendo, tem um shopping center (pra variar – quase não tem disto aqui em Cingapura, imaginem) com várias lojas – livrarias, restaurantes, lojas de roupas, mercado e até massagista. Bem agradável, mas não é bem um shopping como os nossos – seria mais um centro comercial – acho que este conceito não existe em Sampa...

E logo do lado tem toda a parte de Clarke Quay, com inúmeros restaurantes coloridos e atraentes – parece uma praça de alimentação da Disney World, com todos os tipos de comidas e performances para chamar sua atenção. Tudo isto fica bem na beira do rio... ainda não descobri o nome do rio, quando souber eu falo. Eu to a 8 minutos a pé do metrô (o que significa dizer que, ao chegar lá, já estou suando bastante). Daí, é só pegar duas estações, trocar de linha, andar mais uma... e listo – em meia hora estou no trabalho! Outro dia eu até voltei a pé do trabalho, pois já eram umas 22h e o tempo estava tranquilo... dá uns 30 minutinhos a pé, bem razoável J.

Meu flat mate é um australiano de origem paquistani que acabou de se mudar para cá, veio do Google de Sydney para recomeçar a vida aqui em Cingapura. O cara trabalho muito, de noite, de dia... então não ficamos tanto tempo junto - mas vira e mexe saímos para jantar, ou vamos juntos pro trabalho... é um cara sossegado e gente fina - fica aqui no quarto ao lado.

Nada mal morar assim, né? Agora preciso explorar um parque que tem aqui em frente de casa, mas tem uma subidona pra chegar nele... vou me esforçar pra acordar bem cedinho um dia e caminhar por lá!

terça-feira, 28 de julho de 2009

Festa Brasileira

Na última terça-feira, 21 de julho, fui convidado por um conhecido brasileiro que mora aqui em Cingapura para um jantar em sua casa. O Pedro é filho de uma amiga de minha tia, e me deu muitas dicas boas antes de eu vir para cá. Eu ainda não o conhecia pessoalmente, mas lá fui eu para o jantar – que acabou sendo uma noite bacana junto de vários brasileiros que moram por aqui. Eram cerca de 5 casais no jantar, além do Pedro e sua mulher, e também sua mãe e cunhada que estavam visitando ambos aqui na ilha.

Foi interessante poder entrar em contato com a realidade da colônia de expatriados e emigrantes tupiniqiuns neste país longínquo. Em geral, notei que uma das partes dos casais que conheci tinha se mudado para Cingapura, e a namorada ou namorado (ou marido ou esposa) tinham se mudado em seguida, para tentar a vida por aqui. Pessoas muito interessantes e com quem conversei bastante a respeito das diferenças entre nossas terras, dos prazeres e desgostos de se morar longe de casa, mas passando por uma experiência tão incrível. O fato é que todos estão muito felizes aqui, adaptaram-se facilmente e foram calorosamente recebidos pelo novo país e seus cidadãos. Até hoje, não conheci sequer um estrangeiro, de qualquer nacionalidade, que estivesse infeliz por aqui. Todos acabam vindo para um período curto, e estendem sua estadia para aproveitar ainda mais os prazeres da vida em Cingapura.

O jantar foi árabe, com direito a pães sírios, quibes, arroz com amêndoas, homus... acho que por causa da ascendência do Pedro – o anfitrião, que tem um sobrenome árabe. A casa dele fica no norte da ilha – tomei um metrô e após uma horinha lá estava eu, a poucos metros da fronteira com a Malásia J. Cruzei o país de sul ao norte nestes 60 minutos – incrível.

Entre as coincidências da noite, conheci um casal que tinha conexões comigo. Ele era amigo de infância de um outro amigo meu brasileiro que está morando aqui também (mas não estava no jantar), e com quem sai na semana anterior. Ela estudou na sala da minha irmã e meu cunhado no Mackenzie – formada em arquitetura. Inclusive, já foi à minha casa em São Paulo em alguma festa ou jantar organizado pela minha irmã. É... realmente o mundo é muito pequeno – ou melhor, a renda é altamente concentrada.

É muito bacana ter contato com a comunidade brasileira quando se está longe – para quem passa muito tempo afastado, é até mesmo necessário para acalmar a saudade. Mas também é muito importante haver um balanço entre as amizades para que você possa ter contato com a realidade local, como estou conseguindo fazer com meus amigos do trabalho. Acho que estou achando um balanço interessante J.

sábado, 25 de julho de 2009

Teatro em Cingapura

Na semana passada aceitei o convite de uma amiga canadense que mora por aqui e fui com ela ao teatro. Foi um programa bem bacana – éramos cerca de oito estrangeiros de diferentes nacionalidades (Brasil, Canadá, Índia, Argentina, Reino Unido, Estados Unidos e Alemanha), de idades variadas – uma das senhoras do grupo morava em Cingapura já havia 16 anos, enquanto eu era o caçula do grupo com apenas 10 dias de país.

A peça fazia parte de um festival super interessante chamado ‘Sweet & Short’, com a proposta de reunir dez atuações rápidas, com esquetes de apenas 10 minutos cada. A idéia do festival era simples: o público enviava textos e propostas de peças, que um comitê avaliava e julgava. Os textos selecionados eram então apresentados por atores e atrizes amadores, dirigidos por diretores também amadores. Ou seja, poucos lá eram artistas de verdade – faziam isto como um passatempom em muitos casos.

Naquele dia, estava acontecendo a final do festival, apenas com as peças mais bem cotadas de toda a temporada que já vinha rolando havia algumas semanas. Foram dez esquetes muito interessantes – 8 em inglês e 2 em Mandarim (com legendas em inglês). Os atores, temas e tons mudavam a cada apresentação – havia desde humor escrachado, passando por um quase-musical e chegando a um drama bem forte sobre a ocupação japonesa de Cingapura, durante a Segunda Guerra Mundial. Chocante.

Achei a experiência de ir ao teatro muito interessante, apesar do preço salgado de R$50 pelo bilhete. Acho que em Sampa, uma peça de amadores não chegaria a custar tanto – mas valeu muito a pena. Ir ao teatro é o tipo da atividade que faz com que eu me sinta em casa – habitante de um local. Foi assim também em minhas primeiras semanas em Caracas, quando eu fui a um teatro em frente ao hotel em que morava para ver duas peças.

É uma atividade que eu recomendo a qualquer turista que queira sentir a cultura local quando estiver passando por um certo destino. Você conhece a população da cidade, entende melhor como é a relação dela com a cultura e também se assiste aproveita para se entreter!

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Tirando a Temperatura em Cingapura

No dia em que eu achei que estava com febre, e temi que fosse a tal da suína que está tão em vogue, resolvi ir a uma farmácia medir minha temperatura. Pedi à moça no balcão se ela poderia medir minha temperatura, e inclusive fiz uma mímica colocando a mão debaixo do braço para melhor explicar a ela (nem todo mundo fala inglês com uma fluência incrível aqui – mas isto é assunto para outro post). Ela foi a uma salinha atrás do balcão e voltou com uma caixinha. Abriu-a e de lá sai uma engenhoca no formato de um mini-revolvinho. A moça pediu que eu me aproximasse, e enfiou o tal objeto na minha orelha. Apertou um botãozinho e em menos de dois segundos lá estava o resultado: 34.4 graus. É óbvio que eu achei que havia algo de errado, né? Como eu poderia estar com 34.4 graus? Aí, eu pedi a ela que testasse de novo, mas desta vez eu enfiei a geringonça dentro do meu ouvido (como um cotonete quase) e ela novamente apertou o botãozinho. Lá estava minha temperatura real: 36.7 graus – agora mais razoável.

Peguei um taxi para casa, mas não estava convencido de que aquela maquininha funcionasse. Eu me sentia tão pesado, cansado... só podia ser febre. Ao chegar em meu quarto, liguei na recepção e pedi a eles que trouxessem um termômetro para eu medir minha temperatura. Desta vez, minha esperança era que eles traria aquele bom e velho conhecido que eu enfio debaixo do braço e depois de três minutinhos e três suaves apitinhos, lá está minha temperatura. E qual não foi minha surpresa ao abrir a porta e deparar-me com um indiano com uma engenhocazinha bastante similar àquela da farmácia em suas mãos? Ele veio com o termômetro em minha direção, como que para me ajudar, e encostou-o em minha testa. Apertou um botãozinho e mediu a temperatura, que estava por volta dos 36 graus... novamente incrédulo quanto à efetividade daquele termômetro, resolvi eu mesmo tomá-lo, enfiar dentro de meu ouvido e apertar o botãozinho: lá estava: 36.6 graus.

Resultado, eu não estava com febre nenhuma, era só cansaço e jet-lag mesmo – e me convenci de que, por mais incrível que pareça, aquilo funciona mesmo e mostra a sua temperatura em menos de 1 segundo (é o tempo de apertar o botão). Sensacional! Estou seriamente pensando em levar um destes pro Brasil – adoro estas novidades que eu só imaginei que fossem ser criadas num futuro MUITO distante (na verdade, acho que eu nunca tinha pensado que um termômetro assim seria tão imprescindível).

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Cingapura - 11 horas no futuro

Ao planejar minha viagem a Cingapura, tive uma idéia que pareceu-me genial à época: quebrar a jornada em duas partes, para que eu pudesse me acostumar com o fuso pouco a pouco. Desta forma, parti numa terça-feira à noite para Madrid, onde permaneci por 5 dias na casa de um grande amigo meu. A diferença já era de cinco horas a mais, mas eu encarei numa boa e não me sentia cansado. Pudera – eu estava passeando, conhecendo lugares novos... enfim, turisteando. Ao pegar meu avião para Cingapura, no domingo à tarde, parti para uma nova jornada de mais 16 horas de vôo e adicionei novas 6 horas ao meu fuso. Na somatória, são 11 horas de diferença entre o horário daqui e de Sampa... estou vivendo no futuro!

Cheguei aqui na segunda-feira à noite, e já na terça-feira pela manhã lá estava eu no trabalho – animado e empenhado em começar a trabalhar pra valer. Tive um primeiro dia incrível, conheci várias pessoas e já fui convidado para jantar fora – o que prontamente aceitei (fui comer crabs). Na quarta-feira, já um pouco cansado mas ainda empenhado, continuei com minhas tarefas e novamente sai à noite, para rever um amigo mexicano que mora aqui e que eu não via havia 5 anos e meio. Cheguei em casa já mais cansado nesta noite.

Na quinta-feira, comecei a sentir os efeitos do chamado jet-lag (quando você viaja de avião e muda o seu fuso). Sem saber ao certo o porquê, me sentia tonto às vezes (como que flutuando sobre o chão) e já bastante cansado. Na reunião que fiz com alguns clientes naquele dia, já me sentia um pouco zonzo, mas ainda assim conseguia trabalhar. Neste dia, fui do trabalho direto para casa dormir, e tomei um bom e relaxante banho de banheira.

Na sexta-feira, com uma dificuldade tremenda para acordar, não consegui caminhar até o metrô e decidi pegar um taxi para o trabalho. Passei algumas horas da manhã tentando focar-me no trabalho, mas parecia que eu ficava cada vez pior. Tonturas, cabeça e corpo pesados... achei que eu estivesse gripado, e tive ainda mais medo de pensar que poderia ser gripe suína (afinal, tinha passado por cinco aviões e cinco aeroportos naquela semana). Para completar meu estado de saúde, eu ainda tinha sofrido um piriri por causa da comida e da minha total falta de cerimônia para provar novos sabores.

Nesta sexta-feira, fui para meu flat antes mesmo do almoço e às 14h já estava chapado num sono profundo. Dormi até a meia-noite, quando acordei e permaneci desperto por cerca de quatro horas, até capotar novamente até as 14:30 do sábado. Nas 42 horas passadas entre quinta-feira à noite e sábado à tarde, dormi um total de 32 horas.

Acordei apenas porque o pessoal do flat entrou em meu apê para saber se estava tudo bem, pois a moça da limpeza notou que eu estava internado em meu quarto desde o dia anterior. Ainda assim, este primeiro fim de semana foi bastante tranquilo, sem grandes programações e atividades. No sábado, aproveitei para lavar roupas, ir ao supermercado e dar uma nova volta de reconhecimento pelo bairro. Domingo foi reservado para caminhar pelas redondezas e visitar alguns pontos turísticos e muito bonitos da cidade – ou seja, um fim de semana de retiro e bastante suave para a adaptação.

Em suma – eu que me julgava muito esperto e inerte à esta mudança de fuso horário, fui completamente tomado pelos efeitos do jet-leg. Li sobre ele na internet e soube que ele é mesmo mais forte quando você voa sentido leste... não sei exatamente qual o motivo. Mas lembrei-me de quando, em 1997, viajei à Indonésia e sofri dos mesmos efeitos, com o agravante que lá eu era acordado de madrugada com as rezas em volume altíssimo das mesquitas espalhadas pela cidade.

Agora já estou bem mais acostumado ao fuso, apesar de o cansaço persistir por causa do fluxo intenso de novas informações a que estou me acostumando – trabalho novo, pessoas novas, casa nova, tarefas novas, caminhos novos... tudo muito intenso, mas muito gratificante J.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Projeto Cingapura – Foi Maluf que fez? Não, ele copiou!

Meus caros, muitos de vocês se assustaram quando eu disse que estava de mudança para uma temporada em Cingapura, não foi? Imaginaram que eu passaria por uma experiência etnográfica convivendo com uma das muitas comunidades que habitam os predinhos de quatro andares espalhados pelas zonas menos favorecidas de São Paulo, escondendo as favelinhas que permaneceram atrás destas famosas construções da era Maluf.

Pois bem, eu estava de mudança para o país que inspirou este projeto aí em Sampa – mas só notei isto ao chegar aqui e trafegar um pouco pela cidade. Me deparei com um sem-número de edifícils que seguem um padrão bastante similar, de variadas cores e tamanhos, mas muito uniformes e cheios de janelinhas – como se fossem caixas de sapato convertidas em apartamentos. Coisa de engenheiro civil.

Finalmente, caiu a minha ficha: por isto é que o Projeto Cingapura chama-se assim! Fiquei em estado de êxtase e espalhei a notícia pelos quatro cantos para meus novos amigos locais – explicando que um prefeito de São Paulo tinha criado moradia para a população de baixa renda que vivia nas favelas. Perguntei até se os edifícios daqui, que têm muito mais andares (as vezes 20 ou 30) tinham elevador – e a resposta foi óbvia! Claro que sim.

Só depois é que fui me dar conta que os HDBs (Housing & Development Board), como são chamados os edifícios públicos construidos pelo governo para que a população os habite, são moradia de boa parte dos Googlers e de qualquer pessoa mais comum que viva por aqui. Não são destinados à baixa renda, até porque acho que não há baixa-renda aqui neste país fantasia. Mas ao mesmo tempo, são muito mais baratos do que um apartamento em um dos ‘condos’ que há por aqui – que oferecem outras facilidades como estacionamento, piscina e etc... O setor imobiliário aqui em Cingapura é bastante promissor, e comprar seu imóvel prório é muito caro – por isto muitas pessoas optam pelos HDBs, já que são subsidiados pelo governo.

Olhando melhor para os inúmeros edifícios públicos espalhados por todas as zonas da cidade, notei até mesmo uma certa graciosidade em vários deles. Claro, há alguns que parecem pombais, mas outros me lembraram muito os predinhos padrão de Brasília – uniformes e geometricamente posicionados. Alguns têm até mesmo comércio no térreo e zonas de recreação para os moradores.

Uma solução funcional e acessível para que todos neste país possam ter uma moradia decente, como poderia acontecer também em nossa cidade.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Fazendo negócios na Ásia – Parte 2 – Formalidade e Polidez

Outro aspecto interessante das interações de negócios aqui em Cingapura é a formalidade que marca os relacionamentos. Isto está presente desde a forma como você se veste até a educação com que se trata um parceiro de negócios.

No Brasil, estou acostumado a fazer reuniões de trabalho com clientes meus usando camiseta ou mesmo tênis às vezes (trabalho no Google, pessoal – é assim mesmo). Aqui, mesmo trabalhando numa empresa ‘muderninha’ eu tenho usado sapato, calça e camisa social para qualquer interação de negócios.

Além disto, raramente você terá reações fortes ou questionamentos agressivos por parte do cliente ou parceiro de negócios. As pessoas são bastante cautelosas ao fazer um comentário para que ele não soe ofensivo ou informal. Ou seja, há certas práticas para se quebrar o gelo, mas nada de dar tapinhas nas costas, beijinhos na bochecha ou contar sobre a sua vida pessoal de forma muito aberta.

Mas claro que em toda regra há exceções, e uma muito engraçada tem acontecido desde a semana passada. Um dos meus colegas foi a uma reunião de negócios para fechar uma nova conta com um hotel boutique aqui de Cingapura. Não costumamos passar nosso celular para clientes, mas numa das visitas à empresa, o Chandra (meu colega) telefonou para a cliente debaixo do edifício para confirmar o número da torre, ou o andar... e ela gravou seu celular. Resultado – ele tem recebido ligações constantes da senhorita, com pretextos bastante ilógicos para que eles discutam sobre a performance da conta, ou qualquer outro detalhe irrelevante... e o melhor, ela faz o convite e sugere que eles discutam isto tomando um drinque... hahahahaha, acho muito engraçado, mas todos aqui dizem que isto é realmente anormal e nunca tinham visto algo assim.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Fazendo Negócios na Ásia - Parte I - Trocando cartões

A forma de se fazer negócios aqui do outro lado do mundo é bastante similar ao Brasil – claro, estamos em Cingapura, um centro asiático já bastante ocidentalizado. Entretanto, algumas diferentes muito interessantes chamaram a minha atenção.

Em apenas duas semanas trabalhando aqui, tive a oportunidade de visitar duas empresas para fazer reuniões com potenciais clientes do Google AdWords, além de receber dois representantes de uma agência parceira nossa da Malásia e também participar de um evento voltado ao segmento imobiliário da região da Ásia-Pacífico num hotel daqui. Sempre acompanhado de outros Googlers – o meu gerente – também João (português), a Pearl – uma chinesa que é a vendedora da equipe - e a Joann, outra gerente do time.

Logo em meu terceiro dia, fui com o meu gerente João a uma reunião com uma empresa de headhunting. Eram oito representantes do Comitê Executivo da Empresa, entre locais e britânicos. Um pessoal mais formal, old-school e com pouco conhecimento sobre o Google e suas soluções – mas muito interessados e simpáticos. Aqui em Cingapura, como em outros países da Ásia, a troca de cartões de visitas é um ritual todo especial. Ao entregá-los, você não deve simplesmente jogá-los em cima da mesa, ou entregar de qualquer jeito na mão da outra pessoa. Ao mesmo tempo, você não deve receber o cartão e guardá-lo no bolso da camisa sem dar muita atenção. Vou descrever os passos abaixo:

1) 1) Você retira um cartão pessoal

2) 2) Vira ele para a pessoa que vai recebê-lo

3) 3) Com as duas mãos segurando-no, você entrega o cartão à outra pessoa

4) 4) A ação anterior pode ser acompanhada de uma leve inclinação para a frente, como que num gesto de referência e consideração pelo outro.

5) 5) Ao receber o cartão, você não deve olhar para quem lhe entrega – mas para o cartão em si.

6) 6) Você deve gastar alguns segundos para ler o nome e o cargo da pessoa que lhe entrega o cartão.

7) 7) Eventualmente, algum comentário é feito a respeito do seu nome (especialmente no meu caso).

Simples, né? Agora, imagine receber e entregar cartões ao mesmo tempo? É toda uma mecânica. E vamos mais adiante – imagine eu, na reunião com oito executivos, cumprindo este ritual com cada um deles individualmente. Pirante!

Já no outro evento para executivos do ramo imobiliário, que reuniu cerca de 100 participantes, fomos eu, o João e a Pearl fazer um networking e recolher cartõezinhos de diversos potencias clientes – já era minha quarta interação de negócios e eu já estava craque na troca de cartões!

Mas no fim eu acho este ritual genial, sabe? Porque daí você olha direitinho e vê qual é o nome da pessoa, pra poder gravá-lo. Ah, e claro – você já vê o cargo da pessoa e não fica curioso para saber as funções de quem está na reunião. Estou pensando em adotar a prática quando voltar ao Brasil, ou será que por aí não é muito educado ficar lendo o cartãozinho assim que você o recebe?

terça-feira, 14 de julho de 2009

Cingapura - A comida

Capital gastronômica da Ásia. É este um dos títulos que Cingapura esta buscando conquistar, e por isto mais e mais restaurantes de diversas cozinhas têm se instalado aqui.

Entretanto, a influência oriental é predominante na cidade, e por todos os cantos é possível ver restaurantes chineses, tailandeses, indonésios, vietnamitas, malaios... eles também têm um prato nacional: caranguejo (ainda que estes sejam catados no Sri Lanka e importados para cá).

Na primeira noite em que eu estava aqui, fui convidado pela Deb, uma companheira de trabalho, para ir ao Jumbo Seafood - um dos restaurantes mais conhecidos pela cozinha local e por servir caranguejos de todos os tipos. Comi Chili Crab e Black Pepper Crabs - que nada mais são do que caranguejos imensos (sim, bem maiores que aqueles que costumamos comer no Nordeste) cheios de condimentos - muitas vezes apimentados. Garfo e faca? Esquece! Colher e hachi? Estão lá, mas mais atrapalham do que ajudam... você come com as mãos mesmo, e se lambuza inteirinho! O rosto, as mãos, e às vezes até os pulsos! Mas como os caranguejos são maiores, você consegue comer mais carne (eu sempre tenho a sensação de que poderia ter comido mais quando eu vou a caranguejadas na Bahia). É uma delícia.

Hoje, com uma semana de Cingapura, voltamos a um restaurante de caranguejos e eu provei uma nova variedade: Butter Crabs, também muito saboroso. Fomos num grupo de 13 pessoas do Google, das mais variadas nacionalidades: filipinos, tailandeses, chineses, australianos, coreanos, ingleses e americanos... e eu representando os latinos :D

Aqui no escritório, o pessoal costuma comer fora (não há restaurante no Google, como em São Paulo). No primeiro dia, todos juntos fomos comer num restaurante tai que tem no térreo do prédio. Comi Chicken Curry: frango grelhado, arroz e um ovo frito. Mas não se pareciam em nada com a comida daí - apesar de não parecer grande coisa. Os temperos, condimentos, a apresentação do prato... tudo isto faz diferença na hora de comer... parece que é algo totalmente novo. Ah, e tem o fato de eles não usarem facas aqui, nem mesmo para comer frango ou carne... é tudo com colher e hachi - se muito, com colher e garfo. Você acaba colocando a comida na boca para cortar com os dentes, e usa a colher embaixo apoiar o resto.

Como em minha equipe há gente de vários países do Sudeste Asiático, pedi a eles que me levem a restaurantes típicos de suas terras. E o primeiro a me levar foi o Duang, um coreano muito gente fina que senta-se ao meu lado. Ele me levou comer Pho Bo e tomar cafe sua da (um café gelado). No dia seguinte, a Melina e o Isaac, que são Cingapurianos me levaram a um Hawker Center (ou seja, um aglomerado de restaurantes que vendem almoço por preços irrisórios) e compramos Chicken Rice tapao (tapao significa 'pra viagem' - ou seja, compramos fora e trazemos para comer no escritório). Chicken Rice, que nada mais é do que arroz com frango, é um dos pratos mais comuns aqui. O tempero que eles usam deixa delicioso tanto o frango como o arroz, que devoramos com hachi e colher.

No fim de semana, também fui comer em Chinatown e provei Laksa (um noodle cozinhado no caldo de coco) e springrolls (que em nada se parecem com aqueles do Lig Lig ou China In Box). Deliciosos. Também comi Tilapia e outros animais do mar, bem apetitosos. Hoje no almoço eu comi pato à moda de Hong Kong, que nada mais é do que pato com um molho curry e macarrão.

Enfim, a comida - como vocês podem ver - é um dos grandes choques da experiência. As porções são pequenas, mas por alguma razão eu sempre estou satisfeito ao fim da refeição. Acho que é porque eu fico cansado de comer... vocês acham que é fácil usar hachi na mão direita, a colher na mão esquerda, cortar a comida com os dentes e ainda ter que usar as mãos quando muitas vezes o prato ainda está quente? Dá trabalho, eu me babo inteiro... por isto, depois de 4 dias de Cingapura, tomei a decisão de fazer a barba (eu estava com uma barba de uns dois meses quase...). Fiz isto porque eu me babava na barba, no bigode, e a situação ficava nojenta... agora me sinto mais limpinho durante e após as refeições!

Esperem mais posts sobre comida :)

Cingapura - Primeiras impressões

Chegar novamente na Ásia, depois de 12 anos, foi ao mesmo tempo mágico e excitante... apesar de uma certa familiaridade com a região, me surpreendi novamente com algumas descobertas bobas:

Primeiramente, ao pegar o taxi no aeroporto para vir para casa, quase me sentei no banco do motorista. Sim! Aqui eles dirigem com mão inglesa, então mesmo no banco do passageiro, eu tenho a impressão de estar dirigindo o carro.

O clima é quente e úmido, mas não tanto como eu esperava. Lembro-me de ter passado MUITO calor em Jakarta quando lá estive em julho de 1997. Aqui eu passo calor, mas não me incomoda.

A cidade é limpa e organizada, mas não chega a ser uma Suíça (ou seja, existe sim um pouco de agito e multidão - é uma cidade cosmopolita). Na primeira noite em que sai para dar uma volta pela região do meu flat, me senti na Disneyland... há inúmeros restaurantes, luminosos e atraentes, cheios de turistas. Ficam todos à beira do rio numa região turística chamada Clarke Quay (onde eu moro).

Logo no dia seguinte, lá estava eu no escritório do Google Cingapura - que fica no 38o andar de uma torre imensa e redonda, com uma vista incrível da marina de Cingapura. As pessoas não poderiam ser mais simpáticas e acolhedoras! Falantes e muito interessadas em saber mais sobre mim, sobre meu país, meu time, etc... mais detalhes num post em separado ok?

Ao contrário do que eu pensava, Cingapura ainda tem uma influência oriental muito forte. Eu pensava que aqui haveria muito mais ocidentais vivendo (como eu acho que deve ser em Dubai, por exemplo). Mas a realidade é que existe uma grande presença da cultura chinesa aqui - os Cingapurenses falam inglês com um sotaque bastante pesado e às vezes difícil de entender. E a comida também tem uma forte influência asiática - eles comem com hachi e colher geralmente. Apenas em restaurantes ocidentais a refeição é servida com garfo e faca.

Tenho alguns amigos que vivem aqui há alguns anos, e que também foram vitais para uma boa adaptação nesta primeira semana, e o que eles disseram foi justamente que Cingapura é um 'soft landing into Asia'... ou seja, você sente que está na Ásia, mas não chega a ser tão chocante como se eu estivesse em outro país menos influenciado pelo ocidente.

Enfim, no balanço de uma semana posso dizer que estou muito feliz com a cidade e com o povo daqui. A sensação de segurança é constante, e não me preocupo se vão roubar minha carteira no aperto do metrô, ou enquanto eu almoço em um restaurante. As pessoas também têm sido vitais para que eu me acostume.

A todo instante, eu tenho algo para compartilhar com vocês... vou começar a fazer isto com mais freqüência e em posts menores e mais específicos!

Abraços!


A ida - passadinha na Europa

Como não há vôos diretos entre São Paulo e Cingapura, e a Europa fica no meio do caminho, eu tirei uns dias livres a que tinha direito para visitar um grande amigo meu que está morando em Madrid...

Foram poucos dias com o Renato e a Luciane (namorada dele), mas suficientes para matar um pouco da saudade, conhecer lugares novos e aproveitar bastante. Nos dois primeiros dias, a Luciane foi minha guia por Madrid... me levou conhecer lugares lindos como o Palacio Real, a Catedral de la Almudena, a Plaza Mayor, o mercado central, a Puerta del Sol, o ursinho que é símbolo de Madrid, as Lojas de Departamentos em rebajas (Zara, H&M, Corte del Inglés), a Gran Via... impressionantes! Também adorei passear pelas ruelas do bairro boêmio, Chueca - e pelos campos verdes do Parque del Retiro... logo ali, pertinho de dois lindos museus: Reina Sofia (um prédio incrível e que tem a famosa pintura do Picasso: Guernica) e Museo del Prado.

Enquanto meu amigo Renato fazia suas provas no MBA, a sua namorada Lu teve uma entrevista final de trabalho e... foi contratada :D saímos para comemorar com uma jarra de sangria e alguns pintchos (um petisco que nada mais é do que pão torrado com especiarias diversas em cima). Fora isto, não podia deixar de comer uma paella... que foi o almoço de um dos dias que passei por lá.

Madrid também foi ótimo para reencontrar a Poly, uma antiga amiga minha de Londrina que mudou-se para Madrid há pouco mais de 3 anos e parece que não volta tão cedo. Conheci o seu namorado, Nick e tomamos os três um café nevado no Juan Valdez (rede colombiana - super recomendada por mim!).

Ah, e não posso me esquecer das festas! Coincidentemente naqueles dias estava rolando a Gay Pride Parade na cidade - e é a única semana no ano inteiro em que é permitido beber nas ruas. Por isto, à noite rolavam festivais e uma multidão de espanhois e turistas amontoados pelas ruas de antigas construções... um barato!

Nestes poucos dias de Europa, dei ainda uma passadinha no Porto, em Portugal. Nunca tinha ido a outro país em que eu pudesse falar meu idioma e ser compreendido - foi certamente uma experiência incrível. Amei Portugal. Chegamos no aeroporto bem cedinho e alugamos um carro, para irmos diretamente a Guimarães - a primeira cidade do país (onde nasceu Portugal). Uma cidadezinha medieval encantadora, que guarda um castelo num de seus picos. Certamente vale a viagem para passar uma tarde lá, até porque fica a poucos quilômetros do Porto.

Seguimos para o norte e almoçamos em Ponte de Lima, onde provamos as delícias (...) da região do Minho: rojões e tripas. Devo confessar que não foi assim tão saboroso... mas os bolinhos de bacalhau do couvert serviram para nos alimentar bem :)

À noite, nos hospedamos em uma pensão ótima ao lado da Praça dos Aliados, no centro da cidade... e demos mais uma volta ao entardecer para conhecer a região. Impressionantemente linda a cidade - superou todas as minhas expectativas. O Porto está às margens do Rio Douro, chegando no mar, e é cheia de casebres coloridos amontoados entre si - uma visão que nos remete a um Pelourinho mais sofisticado e com ares europeus. Cruzamos a imponente ponte a pé e jantamos numa presuntaria em Vila Nova de Gaia, que tem uma vista linda do Porto. O jantar compensou o almoço, já que provamos diversos tipos de frios e queijos - saboroso.

À noite, é incrível ver o movimento de pessoas na rua... diferente de São Paulo, em que saímos para nos encontrar em restaurantes, bares ou shoppings, as pessoas aqui saem para um footing na praça... caminhar ao ar livre, despreocupadamente - há exposições na rua e as pessoas se acumulam ao redor de bares e restaurantes, nas calçadas. O verão na Europa (sim, Portugal ainda é Europa) é delicioso.

No segundo dia, fizemos um passeio a pé pelo centro do Porto. Feito pela simpaticíssima guia Tânia da eco-tours, passamos por diversos pontos interessantíssimos da cidade que é um charme. Inclusive vimos uma estátua do Dom Pedro I, que em Portugal é conhecido como Dom Pedro IV (pois houve 3 outros D. Pedros antes dele por lá). Foi engraçado, pois o Re e a Lu olhavam para a estátua do Dom Pedro IV e diziam: "Puxa, é tão parecido com o Dom Pedro I... deve ser um bisneto ou sobrinho, né?". No fim era o próprio!

O tour finalizou numa cave em que se comercializa Vinho do Porto, com direito a uma explicação super detalhada sobre o início da fabricação deste vinho, o modo de produção e armazenamento, etc... a Cave que visitamos era a Ramos Pinto - adorei! Ah, e sabiam que o Vinho do Porto na realidade é produzido não no Porto, mas sim na região do Douro (mais ou nordeste de Portugal)? Eu não sabia... o Porto apenas leva a fama por ser responsável por comercializar o tal vinho - que por sinal é uma variação de vinho branco que é uma delícia!

Meus dias no Porto finalizaram com um almoço típico - com direito a bacalhau e francesinha num restaurante simpático às marges do Douro, na ribeira. E antes de ir ao aeroporto, ainda deu tempo de dar uma passadinha para conhecer a Casa da Música, casa de shows de arquitetura moderna.

Depois de tantas aventuras em apenas 5 dias, já era novamente hora de entrar no avião - para seguir ainda mais distante. Cingapura, aí vou eu!

Como vim parar aqui? - O desafio.

Muita gente me pergunta: Cingapura? Por quê? Foi você quem escolheu?

Sim, eu quis vir para Cingapura por alguns motivos:

1) Queria ter uma experiência chocante... morar num país com a cultura bem diferente, com hábitos e costumes ainda mais distintos daqueles a que estou acostumado...

2) Queria ter uma experiência profissional relevante. O fato de todos aqui falarem inglês me ajudaria a contribuir e compreender melhor sobre a realidade do escritório do Google.

3) Queria deixar minha marca. O fato de o escritório de Cingapura não ser imenso (como outros escritórios do Google) faz com que eu possa deixar uma contribuição mais impactante e também faz com que eu possa entender melhor a realidade da equipe aqui. Além disto, é normal ver pessoas trocando experiência entre o Brasil e outros países como a Argentina, os EUA e a Europa... mas eu nunca tinha visto um intercâmbio entre a Ásia e a América Latina no Google.

Basicamente, foram estes os três pontos que me levaram a eleger esta pequena ilha para minha experiência internacional com o Google pelos próximos três meses.

Como consegui esta façanha? Eu busquei muito e corri atrás de toda e qualquer informação que pudesse tornar possível este intercâmbio. É verdade que o Google está mais e mais restrito em relação a experiências como esta, especialmente pela maturidade da empresa... mas ainda havia alguma possibilidade, e eu lutei por ela!

Basicamente, conversei com pessoas que trabalham aqui no escritório para entender a sua realidade... pesquisei sobre os mercados em que atuam, os clientes que atendem... e ao me inscrever para o intercâmbio, deixei bastante claros meus planos e objetivos com a experiência. Deu certo :) Gostaram de mim e aqui estou!

Apesar de ser uma experiência curta, sei que ela é muito importante para meu crescimento pessoal, e será especialmente relevante para meu crescimento profissional.

Obrigado a todos os que me apoiaram, torceram pelo meu sucesso e abriram portas para que eu pudesse estar aqui, especialmente meus gerentes, minha equipe, minha família e meus amigos!

Projeto Cingapura - o início!

Amigos!

Aqui estou, do outro lado do mundo, e devendo notícias para todos... por isto resolvi criar um blog.

Não sou a melhor pessoa para manter um blog, e não gosto do meu estilo de escrita - bastante prolixo... não consigo resumir. Por esta razão, eu estava demorando para começar um blog, boletim de notícias, ou algo do gênero... leva tempo revisar os textos antes de postar. E por isto decidi: este vai ser um espaço aberto para que eu digite diretamente tudo o que vier na minha cabeça, sem que eu tenha que filtrar ou revisar. Ou seja, o leitor que se arriscar a saber sobre minhas aventuras aqui do oriente vai estar sujeito a textos longos e às vezes confusos mas quase sempre interessantes!

Como estou com bastante informação acumulada, vou postar pouco a pouco aqui com os títulos para vocês identificarem os tópicos mais interessantes.

Assim sendo, aproveitem a novelinha que começa a ser descrita hoje!