quinta-feira, 23 de julho de 2009

Cingapura - 11 horas no futuro

Ao planejar minha viagem a Cingapura, tive uma idéia que pareceu-me genial à época: quebrar a jornada em duas partes, para que eu pudesse me acostumar com o fuso pouco a pouco. Desta forma, parti numa terça-feira à noite para Madrid, onde permaneci por 5 dias na casa de um grande amigo meu. A diferença já era de cinco horas a mais, mas eu encarei numa boa e não me sentia cansado. Pudera – eu estava passeando, conhecendo lugares novos... enfim, turisteando. Ao pegar meu avião para Cingapura, no domingo à tarde, parti para uma nova jornada de mais 16 horas de vôo e adicionei novas 6 horas ao meu fuso. Na somatória, são 11 horas de diferença entre o horário daqui e de Sampa... estou vivendo no futuro!

Cheguei aqui na segunda-feira à noite, e já na terça-feira pela manhã lá estava eu no trabalho – animado e empenhado em começar a trabalhar pra valer. Tive um primeiro dia incrível, conheci várias pessoas e já fui convidado para jantar fora – o que prontamente aceitei (fui comer crabs). Na quarta-feira, já um pouco cansado mas ainda empenhado, continuei com minhas tarefas e novamente sai à noite, para rever um amigo mexicano que mora aqui e que eu não via havia 5 anos e meio. Cheguei em casa já mais cansado nesta noite.

Na quinta-feira, comecei a sentir os efeitos do chamado jet-lag (quando você viaja de avião e muda o seu fuso). Sem saber ao certo o porquê, me sentia tonto às vezes (como que flutuando sobre o chão) e já bastante cansado. Na reunião que fiz com alguns clientes naquele dia, já me sentia um pouco zonzo, mas ainda assim conseguia trabalhar. Neste dia, fui do trabalho direto para casa dormir, e tomei um bom e relaxante banho de banheira.

Na sexta-feira, com uma dificuldade tremenda para acordar, não consegui caminhar até o metrô e decidi pegar um taxi para o trabalho. Passei algumas horas da manhã tentando focar-me no trabalho, mas parecia que eu ficava cada vez pior. Tonturas, cabeça e corpo pesados... achei que eu estivesse gripado, e tive ainda mais medo de pensar que poderia ser gripe suína (afinal, tinha passado por cinco aviões e cinco aeroportos naquela semana). Para completar meu estado de saúde, eu ainda tinha sofrido um piriri por causa da comida e da minha total falta de cerimônia para provar novos sabores.

Nesta sexta-feira, fui para meu flat antes mesmo do almoço e às 14h já estava chapado num sono profundo. Dormi até a meia-noite, quando acordei e permaneci desperto por cerca de quatro horas, até capotar novamente até as 14:30 do sábado. Nas 42 horas passadas entre quinta-feira à noite e sábado à tarde, dormi um total de 32 horas.

Acordei apenas porque o pessoal do flat entrou em meu apê para saber se estava tudo bem, pois a moça da limpeza notou que eu estava internado em meu quarto desde o dia anterior. Ainda assim, este primeiro fim de semana foi bastante tranquilo, sem grandes programações e atividades. No sábado, aproveitei para lavar roupas, ir ao supermercado e dar uma nova volta de reconhecimento pelo bairro. Domingo foi reservado para caminhar pelas redondezas e visitar alguns pontos turísticos e muito bonitos da cidade – ou seja, um fim de semana de retiro e bastante suave para a adaptação.

Em suma – eu que me julgava muito esperto e inerte à esta mudança de fuso horário, fui completamente tomado pelos efeitos do jet-leg. Li sobre ele na internet e soube que ele é mesmo mais forte quando você voa sentido leste... não sei exatamente qual o motivo. Mas lembrei-me de quando, em 1997, viajei à Indonésia e sofri dos mesmos efeitos, com o agravante que lá eu era acordado de madrugada com as rezas em volume altíssimo das mesquitas espalhadas pela cidade.

Agora já estou bem mais acostumado ao fuso, apesar de o cansaço persistir por causa do fluxo intenso de novas informações a que estou me acostumando – trabalho novo, pessoas novas, casa nova, tarefas novas, caminhos novos... tudo muito intenso, mas muito gratificante J.

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